quarta-feira, novembro 10, 2010

Vazio.

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Vamos dar um tempo.

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Compilação

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Deviam aproveitar quando tenho essas crises de consciência. Quando finalmente saio do egoplan e piso um pouco na empatia e - imaginando as consequências de tudo que faço - peço para que abra a porta e me deixe sair. Costume de animal selvagem é viver... um dia descobrirão que já fiz um buraco na porta.


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Dentro de nós, todos temos um pedaço animal que não nos deixa ser natural se submeter à dominações. É na fagulha animal de dentro de cada um que acredito que virá a força pra uma inversão de prioridades e deixaremos de ser escravos do conforto inventado e voltaremos a sentir conforto na simples existência.


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"E eu? Te vendo. Mó barato."


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ando sem palavras... precisando, mas sem. palavra é dinheiro.


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Dormir, que o amanhã ainda é talvez...


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Preciso de alimento. Não de barriga


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ando sem palavras... precisando, mas sem. palavra é dinheiro.


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"Feliz é o vilão que tem pra tudo, um botão de auto-destruição - que destrói mesmo!! Em 10.. 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1..." "Pra que isso, Alyne? Você não é de nada."


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eu torço contra


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De dentro vem a sensação que você é maior que seu próprio corpo, que algo quer sair, e violentamente destruir o foco criador do incomodo. Pontos de vista imutáveis não deveriam ser divididos como uma verdade. Principalmente se são sobre você. Principalmente se você não quer ouvir. Mais principalmente ainda - se isso é possível - se você queria o silencio e a quietude da solidão.


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Se eu pudesse explicar o que acontece comigo para ser tão incongruente, não te diria. Só se você me perguntar, se pedir explicação. Se tiro meu disfarce pra ti é por que não consigo não ser eu na tua frente, mas meu silêncio, esse ainda controlo. A não ser que você não queira... e eu.. eu não queria o teu, mas o teu silêncio, eu nunca controlei.


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Sabe o que é que me incomoda? É meu cabelo ficando branco. É não poder ter sumiço. É a ruga matinal na testa. É esse corte no polegar. Saber da minha morte lenta. É minha falta de sorte. É essa tua existência. É minha óbvia decadência. É meu tempo se esgotando. É a sensação que isso não passa.


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Nasci no mato, filho único. Levado pelo vento pelos cheiros do alimento. Fui fraco em pequeno, cresci sozinho, forjado na mata. Me escondo nas neves, na noite e no escuro. Protejo meu espaço, meu pedaço de chão. Sigo a fraqueza que se aproxima. Solitário. Completo. Procuro pouco companhia. Deveria andar em bando. Minha natureza até que pede. Não tive chance de aprender minha espécie. Caçador. Sou lobo solitário.


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Estou absolutamente só. É triste. Não me despeço do meu único e fiel amigo. Digo ao contrário VAI-TIMBORA! VAI! O que mais me sobra é a o que eu mesmo cultivo. Uma sorte grande e um azar imenso. Ambos sem controle. Minha saída era ao menos dividir. Agora o que resta é engolir sozinho o doce e o amargo que a vida me trouxer. Estou aqui. Acho, que a maldição é estar aqui pra sempre.


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Zumbi: morto vivo. Corpo que anda em busca de sustento. Impulsos naturais de busca de alimento. Para matar um zumbi: destruir o cérebro. Mais uma vez o destino me encontra: bala na cabeça. Hoje morreu mais um amor anencéfalo. Me despeço de dois sem chegar perto. Até breve para um. Até breve para os dois.


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Nessa cidade que dorme, eu, descalça, encontro outros insônes, vagando na ponta dos pés.


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Se o som não te diz nada, talvez o silêncio te grite.


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Queria ter essa certeza: "Saio da vida para entrar na História" .


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quinta-feira, novembro 04, 2010

tubarão

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Os olhos pesados, não de sono ou maconha, são de lágrimas presas em olhos de preto-profundo.
Pequenos poços, duas cacimbas escuras e escorregadias como entradas daquela'lma.
Tão profunda que não se vê sequer  reflexo de luz ou mínimas ondas turvas
Poços secos. Buracos inúteis. Perigosos. Esconderijos. Armadilhas.

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quarta-feira, novembro 03, 2010

derrota

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De volta da mata encontrou-se com o coelho que o desconcertou em fuga. Olhou-o nos olhos com o mesmo desejo que tinha quando o viu pela primeira vez. - Não sei dizer não ao que eu quero, mas o que eu quero me disse não. Pelo próprio bem. E me mostrou que não sou páreo para essa batalha. Assim, por mais que eu queira, não vou te fazer mal, pois as lições das derrotas são mais doloridas que as desistências. - Sem falar nada virou-se e saiu, aguçando o faro para gravar na memória mais profunda o pouco que pode levar consigo. Sem saber que não era mais caça, o coelho continuará fugindo e o lobo poderá sempre seguir-lhe o faro até uma toca, mas não entrará, não invadirá, não tocará ou ameaçará ninguém... essa caça é viva.
Principalmente por que sabe que, captura-lo é perde-lo para sempre.

A. Bianco

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sexta-feira, outubro 29, 2010

Martin Pescador

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Conta se é verdade
Um pedaço arrancado não pode estar certo.
Meu tempo é que não te acompanha...
Nem acompanho teu tempo.
Tenho momentos a cada momento
Vivo em momentos - peças de vida -
Sob comando das necessidades.
Podemos ter momentos inteiros.
É só agora e talvez nunca mais
É só enquanto você quiser...
Eu não tenho dono
Eu não quero dono
Eu não sei ser dono
Eu não tenho posses
Eu não tenho chão
Nem acredito que jamais pudesse ter você
Um caçador anda só
Dois caçadores se atrapalham
Só não quero dividir os territórios
Pode caçar da minha caça
Pescar da minha pesca
Até marcar as minhas árvores
Enquanto eu for tua caça e você for a minha
Será que só assim tem graça?
As vezes queria ser presa
Mas como você, caçador.
Também tão sem dono
Também tão sem posses
Também tão sem chão

Queria acreditar - ou ler teus pensamentos.

Quer voar comigo?

por.que.com.você.meus.segundos.valem.a.pena.serem.vividos.não.importa.se.não.faz.sentido.se.é.mentira.sua.ou.minha.
se.você.sente.o.que.diz.se.duvida.de.mim.se.é.um.grande.erro.se.eu.estou.sendo.um.completo.idiota.pra.ti.se.você.que.está.sendo.uma.completa.idiota.pra.si.
sei.que.todo.dia.sem.te.ver.é.uma.tortura.é.uma.semana.e.o.tempo.passa.devagar...

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sexta-feira, outubro 22, 2010

Naquela noite

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Andava me afogando no que eu não conseguia dizer. Angústia sufocante entalada entre o peito e a garganta. Engoli com ajuda. Mais uma dose de que? Está voltando, agora será com força máxima. É sadismo vomitar o que te entala no prato de alimento alheio. Espero a festa acabar. Por enquanto, olho pra fora.
E é lá fora que eu queria estar.
Vejo o vento arrastando folhas secas. Vejo as sombras. Sinto o cheiro do meu lugar.
Aqui é morno e acolchoado. Os pratos com sobras me enojam. Os copos alinhados me lembram paredes transparentes.
Olho pra fora. Meus pés estão frios, mesmo nessas meias grossas. Incômodo. Quanto incômodo.
Quanta vontade de correr. Correr era o que eu fazia melhor, será que ainda consigo correr tanto a ponto de escapar? Por isso calçaram-me botas pesadas. Por isso vestiram-me com roupas que me apertam. Por isso impedem-me de chegar tão perto das portas e janelas, que sempre busco nas frestas uma lufada de ar de fora.
Essa festa ao meu redor é ainda pior do que estar apenas preso. 
Quero sair. Não quero esperar.
Quero e não faço, por que não sei calcular a delicadeza para partir um coração sem destruir todo o resto.


Adolfo Bianco

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quinta-feira, outubro 21, 2010

quarta-feira, outubro 20, 2010

De - Para Mauld

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Paris, 03 de Janeiro de 1925

Ao Sr e Sra Hermet,

É com grande pesar que envio ao senhor e sua família a triste notícia do falecimento do Sr. Marshon.
Essa sexta feira o corpo do Sr Jason Marshon  em seu quarto. Um vizinho ouviu um tiro e viu escorrer sob a porta,  o equivalente a meia garrafa de absinto. Bateu na porta e não ouviu resposta.
Após um momento de preocupação batendo à porta do apartamento chamamos um policial que entrou no lugar.
O Senhor Marshon morreu sentado ao lado de uma escrivaninha. Foi feita uma autópsia e o apartamento foi revirado. Aparentemente ele foi assassinado com um tiro no peito. Não foi encontrada nenhuma arma ao seu alcance, mas a porta estava fechada.
Encontramos escrito e endereçado à Senhora Mauld Hermet o seguinte transcrito:

"Mauld, 


Como vai? Os Hermet estão bem? Te tratam bem?
Responda-me: Está feliz? 
Eu, Mauld, não estou. Algo me empurra para trás. Não sinto os pés no chão. Não sinto que valha a pena sequer continuar tentando voltar para Londres. Não tem graça em lugar nenhum. Já fugi daí por não suportar o que me prendia... aqui não suporto a liberdade. Sinto que vou explodir...
Quero preencher-me o tempo todo e não exista nada para consumir que ocupe o espaço do meu corpo inteiro... "

Sentimos muitíssimo pela perda, o Sr Marshon era um homem muito correto, gentil, educado e que pagava em dias. Nunca imaginamos ter inimigos ou motivos para tanto tormento para que tirasse sua própria vida..
O original ficou com a polícia, como peça de investigação.
Escrevemos ao Sr e sua família em memória à grande estima que o Sr Marshon tinha por todos. Era um homem de poucas palavras mas costumava falar do senhor como um grande amigo ao qual tinha muito carinho e à sua esposa, a qual considerava uma irmã.

Lastimamos dar essa notícia e também esperamos uma breve visita para que os pertences do Sr Marshon voltem para Londres, já que não deixou dívidas.

Michel Poppe
Senhorio

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terça-feira, outubro 19, 2010

segunda-feira, outubro 18, 2010

''''''''''''''''''f

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Aquela moça passou com um frasco de perfume.
Trouxe ares de esperança. Senti aquele cheiro amadeirado e lembrou-me de minha terra natal. Onde nasci e morri. Aquele era o cheiro que entranhava no nariz de todos os que passavam por aquelas terras. Para sempre.
A marca que fincava na memória uma sensação de divertimento infantil, inocente, aquele cheiro cheirava a inocência. Acredito que emano esse cheiro quando me perco num olhar curioso e macio. Suavemente invasivo. Suavemente sedutor.
Cheiro de descobrimento. Era o cheiro das descobertas juvenis. O cheiro das folhas onde rolei nos namoros com jeito de adolescente, mesmo muito depois do que se pode chamar de homem-feito. Era um cheiro seco e doce, com um toque cítrico quando se dissipava quase totalmente. Um cheiro que lembrava terra seca coberta de folhas quebradiças depois de uma longa semana de chuva e três dias de vento forte.
Aquele era o cheiro que tinha a liberdade. Por isso prendia firmemente na memória de quem o sentiu.
Tive vontade de gotejar no peito e nos pulsos. É o cheiro de espaço. De movimento. De auto-suficiência dividida. Cheiro não da presa, mas de quem busca. Era o cheiro que eu usava para me disfarçar no mato. Para me disfarçar nas ruas. Para fazer tocaia e para assinar meu caminho.
É o cheiro da vontade selvagem das árvores que rompem o chão - céu acima. Era um cheiro disso tudo.
Era um cheiro disso tudo à noite.

Adolfo Bianco

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sábado, outubro 16, 2010

Alter

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Nasci no mato, filho único. Levado pelo vento pelos cheiros do alimento. Fui fraco em pequeno, cresci sozinho, forjado na mata. Me escondo nas neves, na noite e no escuro. Protejo meu espaço, meu pedaço de chão. Sigo a fraqueza que se aproxima. Solitário. Completo. Procuro pouco companhia. Deveria andar em bando. Minha natureza até que pede. Não tive chance de aprender minha espécie. Caçador. Sou lobo solitário.


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Adolfo:  - Nobre Lobo
Bianco:  - Branco


.TEUTÔNICO ITALIANO.

Me chamo Lobo Branco.

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Doutor,


Algo me faz mal.
Meu nome, minha idade, meu tempo, minha vida, meus quereres, meus prazeres, minha vontade, minha verdade, meus momentos, meus desalentos, meus sucessos, meus fracassos, minhas formas, minhas normas, minhas partes, meu todo, meus impérios, minhas metades, minhas paredes, meu quarto, meu espaço, minha carência, meu acalento, minha falta de talento, minhas perdas, meus ganhos, meus pedaços, minhas peças, minhas moléstias, minhas cartas, minhas falas, meus pensamentos, meus descontentamento, minhas curvas, meu peso, meu sexo, minhas parceiras, minhas costas, minha cadeira, meus dentes, meus sorrisos, minhas risadas, minhas dores, minhas rimas, meus amores.


Sabe o que é que me incomoda?
É meu cabelo ficando branco. É não poder ter sumiço. É a ruga matinal na testa. É esse corte no polegar. Saber da minha morte lenta. É minha falta de sorte. É aquela existência persistente. É minha óbvia decadência.  É meu tempo se esgotando. É a sensação que isso não passa. É o medo de ser descoberto. Medo de ser abandonado. É saber não ter futuro. Ter respeito ao passado. É não aceitar ter um dono. É essa falta de grana. A dor nas costas voltando. É não encontrar um fim. É não encontrar um meio. É não ter tido um bom começo. É não ter admitido antes. É ter que viver dividido. É uma porção de coisas na verdade. É uma coisa só simplificada. É querer culpar o outro. Sou eu.


Adolfo Bianco


ps: Preciso de um atestado de uma semana, a começar de hoje, para provar que ainda estou vivo, que apenas não consigo viver.


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quinta-feira, outubro 14, 2010

De Para.

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Leia atentamente sem expectativas.



Se eu pudesse explicar o que acontece comigo para ser tão incongruente, não te diria. Só se você me perguntar, se pedir explicação. Se tiro meu disfarce pra ti é por que não consigo não ser eu na tua frente, mas meu silêncio, esse ainda controlo. A não ser que você não queira... e eu.. eu não queria o teu, mas o teu silêncio, eu nunca controlei. Detesto quando você se faz de muda. Mais ainda, detesto quando você fala de amor. Nosso silêncio é bom quando quebrado em gemidos. Quando me calas entre as tuas pernas e te arranco o ar frouxo dos pulmões fracos.


Pra se machucar,  me procure.

Adolfo Bianco  

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Inveja - letras que eu queria ter escrito.

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Eu perco o chão...
Eu não acho as palavras...
Eu ando tão triste... eu ando pela sala....
Eu perco a hora.... eu chego no fim...
Eu deixo a porta... aberta... 
Eu não moro mais em mim....
(eita porra)
Eu perco as chaves de casa... eu perco o freio...
Estou em milhares de cacos eu estou a o meio...
Onde será que você está agora...
A.Calcanhoto (acho)
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Alcoholic kind of mood ********
lose my clothes, lose my lube *
cruising for a piece of fun ***
looking out for number one 
different partner every night **
so narcotic outta sight 
what a gas, what a beautiful ass. *

And it all breaks down at the role reversal, ****
got the muse in my head she's universal, ******
spinnin' me round she's coming over me, me. **********
B.Molko
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Talkin' to herself, there's no one else who needs to know; 
She tells herself..
Oh...
Memories back when she was bold and strong
And waiting for the world to come along...
Swears she knew it, now she swears he's gone
She lies and says she's in love with him, can't find a better man...



She loved him, yeah... She don't want to leave this way ************
She needs him, yeah...that's why she'll be back again   ************
Can't find a better man



E.Vedder

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quarta-feira, outubro 13, 2010

m.p.

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De dentro vem a sensação que você é maior que seu próprio corpo, que algo quer sair, e violentamente destruir o foco criador do incômodo. Pontos de vista imutáveis não deveriam ser divididos como uma verdade. Principalmente se são sobre você. Principalmente se você não quer ouvir. Mais principalmente ainda - se isso é possível - se você queria o silêncio e a quietude da solidão. Quem olhasse dentro dos meus olhos agora veria os olhos do desprezo. Se lessem meu coração não seria mais que um borrão de gritos. Se fosse possível ouvir o grito preso do meu peito, precisariam emprestar-me o ar de seus pulmões. Nunca foi tão grande e ao mesmo tempo tão inútil a sensação que a fraqueza é irmã gêmea do ímpeto de mudança e a cobrança para correr em direção ao futuro é externa, pois a sensação de decadência é firme e o que for próximo me parece o pior. Só no passado me agarro a boas lembranças, pois minha imaginação não alcança tanta alegria como a que um dia vivi. Me parece impossível ter novamente algum minuto de verdadeira felicidade, pois num minuto que estiver bem, quer dizer que nada além de mim e minha escuridão estarão em harmonia. Quer dizer que os impulsos para o caos terminaram. Quer dizer que cessaram as cobranças e que agora só me resta a paz do interior da minha mente, quando todos se sentam à tabula: ego, super-ego e id. Todos quietos se entre-olham e resolvem que é hora de descansar. Talvez até mesmo dormir. Sem sonhos.
A sensação de ter alguém que se preocupe com o que faço, por que faço, como faço é tão nova quanto qualquer novidade. Mesmo que sempre existisse, fez-se em minha vida com muita discrição, a tal ponto de ter me feito uma imagem de só, obrigando-me a ouvir as camadas mais silenciosas do que não se sabe que pensa.
O bom de poder escrever é a ilusão de estar dividindo. O ruim de ser eu quem escrevo é que parte de mim, escrevo para mim, vindo de mim, voltando para mim e ninguém de fora se mete. Se percebe, só observa, não se mete, não me diz, não me alcança, não interage.
Pelo menos essa válvula de escape me traz mais tempo para fluir a solidão antes de voltar a ser humana.
Sou máquina? Sou fria? Sou morta?
Não existe uma só resposta e se engana quem mal me interpreta. Matei a muito tempo o que existia em mim de necessidade de virtudes e de verdades. Aprendi a me interpretar com tal primazia que até esqueço não sou mais eu quem vive. Seja quem for, tomará agora o lugar novamente. Voltará para as ruas e para as pessoas. Sorrirá e abraçará e viverá e amará, tudo sinceramente, tudo como se de verdade, tudo como vem sendo: sincero e calculado. Mimetizado entre os humanos o bloco frio se remodela, pois assim aprendeu a ser.
Complicado é saber o que vem de dentro e o que vem de fora, pois sou eu o tempo todo e o tempo todo não sou.
O elogio (?) maior que já ouvi foi "você é muito humana", vindo de um tão não quanto eu. Finjo que não vejo, mas vejo. Finjo que sei, mas nunca saberei... A maior parte de mim implora por compreensão, a outra dá as informações falsas.



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terça-feira, outubro 12, 2010

Sereia

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Como te tirando de mim encontro um buraco
Prefiro não naufragar nos teus braços-oceano
Terminei por contentar-me em pescar na beira d'agua
E te ver me rodeando nessa ilha
Criada, cavada, aprofundada e planejada
Já que não me quero oca aqui te deixo
Te prefiro ao meu redor
Subindo para respirar e mergulhando
Escapando e se exibindo
Vindo para perto
Trocando um olhar ou dois
Livre de mim que me prendi
Não canta o pior é que ignora
Te vejo claramente - imagino
Mas é turva sempre a tua imagem
Não poderia haver melhor mensagem
Por isso que chamam de espelho d'agua
Me vejo te olhando muito mais do que a ti.
Meio mulher meio animal
Meio livre e sem saida
Um mistério sobrenatural
Anti-natural, por isso não o faço,
Sem dúvida alguma pretendo,
Mas não vou entrar na água.

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sexta-feira, outubro 08, 2010

segunda-feira, outubro 04, 2010

Boa Noite

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Escreveu em seu diário:

Diante do que tomei pra mim
Como certo
Te vejo
Como erro

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sexta-feira, outubro 01, 2010

De - Para - não enviada

Dear Mauld,

I wrote you a song.
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After all we've been trought
Good memories are not aloud,
Gotta pay this eternal sue
Paying to avoid you around
You once were so smart
You trusting my "not to worry"
You once had some decency
But just never show me
You modified your body
Now your body and your soul
Are like mine
And you're creepiest than me
But at least I can see
This is not how I imagined...
Hard it to handle
The sword and candle
At the same time I give you a hug.

Even if the whole world tell not to
I still persist I still being a pain-in-the..

I can not talk
but
Talk is just talk
and
I'm not talking to you
so
I think you might not get it
'cause
You probably regret knowing me...
so
When you see me hiding
Don't think it's because of you.
See,
I can't talk to you,
But
I can sing.
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quarta-feira, setembro 29, 2010

terça-feira, setembro 28, 2010

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Fica quieta cabeça.
Fica quieta cabeça.
Fica quieta cabeça.

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segunda-feira, setembro 27, 2010

De: Para. -

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3 meses depois do adeus, de muito mais longe do que gostaria, 1925.

Querida Mauld,

Tua última carta me manteve fora de contato pelos últimos meses, mas acredito que tenha sido o maior bem que me fizeste em muitos anos. Aprendi a viver sem te xingar ou adorar. Diminuí meus melindres comigo mesmo. Virar homem é parir-se a si mesmo, quanto maior a distância entre o jovem e o maduro, maior a dor.
Bem que eu queria, mas não sei o que tem te acontecido. Não sei por onde andam teus sonhos, teus pensamentos, tua vida. Sei onde ando, onde vou e o que penso, mas te contar só, não basta. Preciso que me responda, como amiga, verdadeira.
Não sei se tens amor em casa ou fora dela, se te aventuras como antes ou se descobriu alguém que te domasse, não apenas suprisse tua falta de família.
Mauld, querida, nem sei o que pensas de mim ultimamente, sei que achei outro dia uma das mais antigas falas já escritas por nós dois. Juntos, o que é mais estranho. Pouco criamos juntos, e de pouco impacto certamente, mas Mauld, a tristeza na França é tremenda, tudo fica mais emotivo num país onde se vende amor e se vive solidão.
Esse trechinho que te envio era uma conversa boba entre dois amantes, num dia em que se encontravam por acaso após uma noite confusa. Mais um romance que tentamos escrever, parecendo uma comédia que não acabou pela falta de um fim tolerante aos que detestam amores natimortos.
Se bem me lembro é Fevereiro, Londres, Sutter e Cindy:


Cindy: Estou indo dar uma volta no mercado comprar um presente pra um primo meu, depois vou à Igreja... depois acho que vou passar pelo tio Ben, tento a dias conversar com Louise... tu vais por lá mais tarde?
Suter.: Hm, acho que não. Tenho aula até 9:30. Talvez, não sei. Deveria ir? 
Cindy: Eu gostaria.
Suter: Atendido.
Pausa 
Suter: Estive com a Emma ontem. Dormi na casa dela.  Cheguei há pouco. - Pausa, busca reação -Te vi duas vezes.
Cindy: Onde? - Sem reação
Suter: Quando estava dormindo, meio que dormindo, mas não dormindo. Ela levantou pra fechar a porta, pensei que era você. Me assustei porque quase disse teu nome. - Insolente
Cindy: Não pareço com ela. - Ciúmes.
Sutter: Não é parecer, foi a sensação.
Cindy: Isso é ruim, sou uma sensação de ex-problemática?
Sutter: Oh! Deus! Você não entende!
Cindy: Estou tentando!
Sutter: Eu te vi porque eu tava meio dormindo e tinha uma pessoa no quarto e eu pensei que tava em casa e provavelmente vc estava no meu inconsciente.
(Lembra Mauld que soubemos do Dr. Freud no ano que escrevemos essa peça?)
Cindy: Oh.. oh.. 
Sutter: Daí quando ela andou pelo quarto pensei que era você. Vi o cabelo amarrado e quase disse teu nome, entendeu? 
Cindy: Entendi...
Sutter: Tá bem, você estraga qualquer romantismo.
Cindy: Pelo menos agora estou achando não-ruim.

Mauld, quero saber de você.
Não tem sentido nenhum viver sozinho, se sei de cor o que já vivo. A melhor maneira é viver por dois. Com você posso ser dois. Me aceite de volta, sem rancores, sem choramingos meus.
Prometo que de poeta e louco pouco se verão.

Torço para que estejas bem, com amor, com saúde e com objetivos. Mas no meu coração, meu desejo, era que tua solidão se encerrasse com o fim da minha.

Um dia podemos terminar de contar o resto dessa história um para o outro?
Termine-mo-la juntos.

De seu triste, porém vivo,

J. Marshon

ps: Agora eu sei. Desde o dia que voltei uma milha e meia na chuva para te emprestar a mesma capa com que acompanhei Agnes até em casa, você já sabia que assinara com sangue no teu livro de almas. Aqui me tens de regresso, muito mais de uma milha e meia de distancia, mas tentando te alcançar antes do bonde para te emprestar uma capa que sequer pediste.

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Esperar sentado vendo outras vidas passarem
Esperar angustiado a volta da atividade
Esperar que tudo seja reiniciado
Esperar que o novo e resolvido venha do que é morto e mal acabado
Isso é le.ni.ên.ci:a com o des(a)tino.
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sábado, setembro 25, 2010

1 dessas, 2 Ave Maria e 3 Salve Rainha.

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Modificai-me Senhor
Que tenho sido
Distante do teu reino, distante da tua vontade e do teu domínio
Traz-me de volta para tua graça e piedade
Abençoa-me com a tua luz
Que de escuridão estou farta
Tira-me o morto e o sujo
Tira-me do pó e do seco
Diz-me então o que preciso fazer
Para viver minha vida
E viver sob tua senda
Não é fácil perceber que só parece tudo bem
Os que estão bem vão precisar tanto de ajuda...
Tira-me o peso dos pulmões
Mas não tira-me os pulmões
Te louvarei pra sempre, Senhor,
Usufruindo do que criaste no teu primeiro plano de paraiso
Plantas e lugares e pessoas
Perdoa, Senhor, por que não posso negar minha natureza
Não posso negar que preferia um harém num lugar exótico
Que um bom marido e filhos sob o teto da igreja
Mas se o templo é meu corpo, a preocupação e o foco dessa oração estão corretos
Perdoa Senhor, tanto descuido de minha parte
Dá-me, por favor, um outro par de pulmões.
Um outro figado
Dá-me um outro coração - conciente do que faz
Dá-me um clone ou dois e o poder de parar o tempo
Que seja feita a tua vontade
E que tua vontade seja parecida com a minha.
Para todo o sempre a glória é tua,
Amém.

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terça-feira, setembro 21, 2010

packing

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Ela vive se policiando, policiada e sob auto-análise. Controlando os pensamentos, pois são muitos e conflitantes. Ela consegue ser duas ou três ao mesmo tempo, contrapondo, debatendo, ganhando, cedendo e perdendo o tempo todo. Ela conversa e é três. Ela fala e é três. Ela vive e é três, ou quatro, ou cinco... Ela quer cantar e dançar e ao mesmo tempo quer ser invisivel, quer correr e ficar sentada, quer esmagar de amor e ódio, quer fugir pra sempre e quer "para sempre, amém". And so is the man. Mas ela vive calando três quartos de si mesma. A que ganha ganha, mas muito em sí só espera a vez.

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segunda-feira, setembro 20, 2010

relâmpago

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um clarão de luz não causo barulho algum é meu rasto que assusta energia presa contida que acha um espaço
escapa duma casa cai queda livre física elétrons pontos positivos e negativos escapando caindo destruindo pode iluminar depende de onde cai em quem cai se alguém sequer ver as vezes só uma luzinha no horizonte uma raiva da natureza as vezes uma sequencia de flashes mas apesar de toda luz de toda força de todo poder no fim das contas não vale nada não muda nada não cria nada que seja visto - reparte alguns átomos, quem poderia perceber - aparece em tempestades direcionado perdido abrindo braços e dedos aparece como um clarão como um tapede branco no céu sozinho aparece sozinho vai do chão ao céu apenas raramente de que adianta tanta energia se a liberdade leva ao chão?  eu sou relâmpago.

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sábado, setembro 18, 2010

hello hello baby...

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A falta de respostas, de diálogo, a falta de reação é o maior estímulo reverso.

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Pode não concordar,

meu bem.
mas no feminino
é bem melhor.
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e digo mais...
no plural
é melhor


ainda!


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um Ode ao que é do Álcool

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EU falo
Falo mesmo
Traz aqui uma cadeira e um copo
talvez uma garrafa
vai demorar um pouco
é tudo muito confuso
te tenho uma admiração cruel de como tua capacidade de não ser me atrai
Me trai
te odeio
te desejo
Te observo
TE quero
TE perturbo - consigo por fogo?
te cutuco
planos para prender minha atenção, seria propositalmente?
como criança doente te aprecio
teria como não ser?
teria nunca outra forma
teria nunca outra forma
teria nunca
outra
forma

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desde muito cedo eu soube: não haveria outra forma.
nao haveria outra forma
não haveria outra forma.
as vezes eu sei, não sou eu que mando em mim.

se eu me entregasse, poderia ser você

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sexta-feira, setembro 03, 2010

Fome canina

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Você não coincide comigo nem nos detalhados pormenores. Não faz questão e trair sua conduta e por isso faztudo como quer, me pedindo pra ceder ao teu chamado Você prefere um beijo ou uma conversa? Por que, meu bem, felizmente, ou in, não temos tempo pros dois. Me dê a mão. Gosto de sentir teus dedos finos e unhas magras e do gosto salgado que insiste na ponta do teu polegar. Encontrei um fio branco, um pelo, um pentelho branco em você, mas isso não foi surpresa nem boa nem não, antes de ti eu já tinha visto algo parecido. Pods crê.
Fome incontrolável, parece que estava laricada, parece que estava chapada, parece que saiu de uma ressaca, parece faminta, famingerada, fom edes graçada, esgalamida, larica tripla, fome-canina. Detesto ouvir os sons de quem mastiga.
Completa meu verso com o que vier na cabeça:
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sábado, agosto 21, 2010

doente

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essa pasta verde densa e gelatinosa
tem gosto de morte recheado com peso de dor de cabeça
dores de um corpo fraco moído e pouco
seria o final ideal, levando à perfeição a tão praticada arte de perder.
perder pro microscópico
perder pra fraqueza
perder uma vida inteira
sem realizações de sonhos próprios ou de outros,
feitos grandiosos, honrosos, memoráveis também não
Nada que mereça letra maiúscula ou itálico ou negrito
tudo enfumaçado, em cinzas, papéis cortados
vícios aos montes: drogas lícitas e ilícitas de fumos e bebidas, hábitos, gestos, movimentos, respostas, reações, desejos viciosos e pensamentos impronunciaveis ao manter-se em sociedade
grande desperdício de pele e espaço

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sexta-feira, julho 30, 2010

quinta-feira, julho 29, 2010

Dresden Dolls _ The Jeep Song

Ouvindo hoje, senti muito.
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i've been driving around town with my head spinning around,
everywhere i look i see your '96 jeep cherokee.

you're a bully and a clown. you made me cry and put me down.
after all that i've been through, you'd think i'd hate the sight of you.

but with every jeep i see my broken heart still skips a beat.
i guess its just my stupid luck that all of boston drives that same black fucking truck.

it could be him or am i tripping and i'm crashing into everything?
and thinking about skipping town a while, until these cars go out of style...

i try to see it in reverse, it makes the situation hundreds of times worse,
when i wonder if it makes you want to cry every time you see a light blue volvo driving by...

so dont tell me that you're off to see the world. i know you wont get very far
dont call me if you get another girl baby, just call me if you get another car...

the number of them is insane! every exit's an exboyfriend memory lane!
every major street's a minor heart attack... i see a red jeep and i want to paint it black!

it could be him or am i tripping and i'm crashing into everything?
i can't wait til you trade that fucker in
by then they will have stuck me in the looney bin

it could be him! my heart is pounding!  its just no use! i'm surrounded!
but someday i'll steal your car and switch the gears...
and drive that cherokee straight off this trail of tears...


parara pa pa pararara pa
parara pa pa pararara pa
pa pa pararara pa parara...
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quarta-feira, julho 28, 2010

sucubus

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Volta a olhar pra ele
Rapidamente
Como uma brisa perfumada,

oh, não deveria deixar-se seduzir.
Um jovem, baixo e destronado rei

Napoleão nos banhos frios da noite

Pediria só mais uma vez
Imploraria
Mortalmente ferido
Indefeso diante daquela
Que eletrocultou o mutuamente dúbio
Senso de moral

Despediu-se tão sem gosto ou graça
Que desde a última vez que daquela boca ouvira palavra
Sussura-lhe a lembrança da vogal mais repetida
Naquelas conversas surdas do corpo

Enterrem-no em vergonha ou gozo
Mas olhe nos seus olhos e admita,
De preferencia derretendo-se numa cama,
Enquanto em pensamentos o desejo clama
"Abre a boca, sua puta, rapariga"
Como eu gosto de te ouvir puxando briga

Mas, de pequeno se esconde.
"Encontra-me. Devoro-te."

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quarta-feira, julho 21, 2010

quarta-feira, julho 07, 2010

zero

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Peguei agendas que estavam empilhadas since 1998
Peguei cadernos magricelas
Peguei cartas de ex-amores
Peguei conversas em papelzinho cheios de segredos entre-aulas
Peguei roupas e até um tênis que lutei literalmente para ter
Acomodei-os todos numa caixa e me despedi.
Vão com minhas memórias escritas.
Se alguém lesse, teria o mais fiel retrato de mim.
Se alguém lesse, teria os meus maiores segredos
Sofrimentos, paixões e problemas escritos a punho
Todos sinceros e efêmeros mesmo que registrados eternamente

Quem escreveu, eu ou para mim, viveu aquele escrito
Já passou.
Estamos em paz, e que a minha vida escrita,
Assim como minha vida vivida
Siga seu caminho.
Não quero esquecer nada do que passou
Nem fiz drama pra me despedir
Olhei, até lí algumas coisas
Eram bonitas, um retrato de como eu mudei
Uma bela forma de se recordar
Mas prefiro não ocupar espaço e tempo com o o passado mais que o nescessário
Firarão na memória os ex: amigos, namoros, momentos, paixões, escritos
Não tenho porque querer tantos detalhes, tanta memória física
Foi natural, afinal uma coisa boa.
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#reciclagemnoextra

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quinta-feira, julho 01, 2010

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Mistérios da meia noite
Que voam longe
Que você nunca
Não sabe nunca
Se vão Se ficam
Quem vai Quem foi...

Impérios de um lobisomem
Que fosse um homem
De uma menina tão desgarrada
Desamparada se apaixonou...

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Nem é tão mistério assim. Os olhos mentem. A consciência mente.
A inquietude mente. O coração, se quiser se engana. Mas, o tempo... O tempo é o senhor.
Ele esconde ou mostra, mas é sincero.
Quer saber? Espere. O resultado será quem sair vitorioso da luta entre o medo e a vontade.
Chegue junto se tiver coragem, mas encare sozinha.

E isso, minha cara, é uma coisa boa.

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quarta-feira, junho 30, 2010

Pai,

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Eu sabia que por muito pouco ia deixar de perder a cabeça
e que com pouco menos ia ter contra mim uma força superior me forçando a ser maior que um azar qualquer.

Pela sobre de consciencia que te resta,

Afasta de mim esse calice.

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segunda-feira, junho 21, 2010

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Oi.

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Tia...

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Engraçado como em pouco tempo a sensação da vida muda tanto. Não faz muito tempo eu vivia outro sentimento.
Sinto certa falta dos tempo que sentava numa calçada bebendo vinho e conversando. Sem se preocupar com a falta de preocupação no amanhã. Sem pensar em nada a não ser no que me fazia rir.
Era bom. Era como ser um bicho, uma planta, uma ser vivo que só viver é o que interessa.
Ah... os anos vindo. Coisas que se somam: 6 copas, 6 olimpíadas, 2 décadas, 5 gerações, morte do Michael Jackson, quando eu nasci TV preto e branco era comum - hoje tem TV 3D, ô caralho, não me conformo, isso é muito tecnológico!!!! O telefone da minha vó tinha cadeado pra não discar sem autorização, cantor criança cantava coisa de criança... Ai que doideira...
Não poder sentar na calçada bebendo vinho tocando violão, criando música sobre quem passava. Rindo e inventando piada besta sobre os outros... isso em sí não me faz falta. Não quero igualzinho, quero só um pouco da sensação de volta.
Isso de dar aula pra criança tem a vantagem de viver essa sensação deles. "Tia, a gente raspou as pernas". Eu ri. As tietagens dos ídolos é igual, as brincadeiras não mudaram muito, os dilemas também não... só a quantidade de informações e a velocidade com que eles tem que lidar é que mudou.

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entre outras coisas que sinto falta é a das novidades constantes.
outra coisa que sinto falta é que eu comia mais e emagrecia mais rápido.
tem outras coisas que sinto falta, mas isso é segredo

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quinta-feira, junho 17, 2010

Carona?

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Sentada, ela espera sozinha um ônibus improvavel passar - mesmo que cheio.
Já está acotumada à espera, não se acostuma é ao contato físico involuntário.
Já passa da hora de passar, mas sabe que passa. Geralmente passa a noite toda e não tem problema algum em esperar. Já está acostumada a esperar.
Não muito longe, ela dorme. Não espera por nada nem ninguém, já está em seu destino final.
Não está acostumada a esperar. Nem liga para a espera silenciosa, acalentada e dócil. Não tem como saber se não for dividida.
Quem espera tem o poder do pedido. Mas prefere ser só, não vê afinal de nenhum lado companhia melhor.

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quarta-feira, junho 16, 2010

si si si

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Estica-se através da madrugada
Percorre silenciosa os caminhos estreitos
As vielas
Pobrecitas de las mariquitas
Que no tienem una moedita
Pra comprar a canja do dia seguinte

Colhem estrelas

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sábado, junho 12, 2010

Co-autoria

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"A primeira moeda do meu salário.
 A primeira moeda do meu suor.

 Ploc! No chão do Motel."

AMR e KMM

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quarta-feira, junho 02, 2010

Suzana,

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é você?

Não passe assim por mim fingindo que não me vê.
Suzana, Suzana! é você?

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terça-feira, junho 01, 2010

Mauld em resposta.

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29 de Setembro, 1925

Jason,

Querido, não sou boa nas palavras como você, então vou tentar ser clara e direta: não me escreva mais. Pare de tentar achar solução através de um resposta minha, eu não tenho como te ajudar. Estamos nos mudando, Jason, não morarei mais em Londres em uma semana ou duas.
Estou adiando te escrever a tempos e Hermet bem que insiste, mas fiquei com medo de não saber o que dizer.
Veja, os pais de Hermet estão muito doentes e Charise não consegue cuidar deles sozinha. Nunca te falei dela não é? Minha cunhada, muito boa pessoa, infelizmente já é casada, acho que você iria gostar dela. De qualquer modo, os negócios não vão bem e Peter, o marido de Charise, também é ferreiro, então vamos para Stratford, ajudá-los. Assim firacá Peter e James na Ferraria e eu e Charise cuidando dos Hermet idosos. Eu não tenho o endereço ainda, mas penso que mando um telegrama para te avisar assim que nos instalarmos na cidade.
Por favor, não escreva para mim dessa triste forma novamente, você não sabe o quanto me dói ler suas dores e não ter como ajuda-lo.
Penso que muitas vezes você faz essas coisas só para ter o que falar que fez, preocupe-se com algo útil e construtivo vez ou outra, eu não posso estar do seu lado puxando suas orelhas toda vez que fizer algo errado e nem quero saber o quanto você está estragando sua vida e me contando a punho próprio em letra caligráfica
Não, não tem nada a ver com Hermet, ele, pelo contrário, parece te entender e sinto que fica penalizado quando sabe de suas desventuras, eu por outro lado, mantenho minha calma e procuro achar uma solução para os teus problemas. Infelizmente, Jason, eu tenho meus próprios problemas para lidar. Suas mulheres, suas noites ébrias, suas paixões podem ter sido parte da minha coleção de cuidados mas hoje tenho que pensar em mim e na minha família. Está na hora de você também buscar um destino construtivo para você.
Me perdoe, meu querido, se sou dura com as palavras, mas enquanto estava perto de você ainda podia fazer algo, agora, ou você faz algo por sí mesmo ou eu prefiro não saber.
Volte para Londres, volte para a Inglaterra como prometeu. Paris não te faz bem, a França não é lugar para pessoas como você. Quando voltar, estaremos de braços abertos para te receber em nossa casa.

Um grande abraço com muito carinho,

Mauld Beatrice Hermet

ps: Hermet está bravo comigo por causa dessa carta, mas espero que você a veja como um ato de amor não de abandono.
ps2: Em Stratford terei que chamar Hermet de James, acho que vou demorar a me acostumar com isso.

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10... 9...

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Como se não bastassem as tosses, abateu-lhe uma com dose extra de intolerância.
Uma após a outra, as batidas de dentro se cruzavam e se atropelavam. Fúria vermelha.
Vontade de gritar, mas deve poupar a voz.
Sente uma onda atravessar o externo em direção ao primeiro sinal de proximidade.

Corte reluzente entre um e outro dente. Suzana, é você?

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quinta-feira, maio 27, 2010

Verde

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Vamos, gatinha, para o parque, dar comida para os animais. Levar patê de presunto e pães, pros amigos, um vinho e um violão.
Leve na cesta da bicicleta alguns amores pra jogar pelo caminho e alguns olhares cúmplices pra quem nos observar, algum amigo ator pra divertir enquanto dança e canta a própria vida sob a sombra do cajueiro-mãe. Ainda bem que ele gosta de gatos e - que extranho sua ex ter vindo também - todos sorrimos da tarde que vem e mal percebida, já se foi.
Alguns cigarros e algumas sobras, umas garrafas pra reciclar, um dia que queremos sempre repetir, mas não, isso não dá.
Amanhã nos vemos de novo, sim? Espere que vou te buscar depois a aula, se quiser pode passar na minha casa e a gente vê as fotos que bati no celular.
Lembra daquela música que te escrevi? Pois é, acabei de compor a melodia e ficou mais ou menos assim:

nã nãnã... nã nãnã. nãram... nãram... ram... nã nã...
nã nãnã... nã ram ranã! ranã!
aí tem um assovio: fiiii fii fuuuu fiii fi fi fiiiiii fii fi fi fu...
ai volta: nã nãnã... nã ram ranã! ranã!
nã...

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terça-feira, maio 25, 2010

2505

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Enquanto todo o brilho era tirado de seus olhos ela dizia: não sei por onde me perdi que tomaram e me levaram, culpa de quem? só minha. tem algum sentido? talvez.
Ela andava perdida pela rotina desgraçada, bebendo aqui, parando ali, perdendo tempo nessessariamente pra se ocupar. Indesejos apareciam, desejavam e se esvaiam... vazia ela pensava: sou eu que não vejo graça?
pode ser, pode não ser. Nem tudo que é bom tem que ser bom pra você.
Mesmo com muito esforço nada brilhava em seus olhos, nem um encanto nem uma graça. Só a simplicidade de quem não faz questão alguma em ser importante e se torna a contra-gosto uma espécie de redenção.
Esperam por ela no caminho, esperando que pegue carona com o irmão, pode ser que passe perto de casa e possa ve-la, pode ser que passe longe mesmo assim. Ignorante é o destino dos que a desejam, por que dela não se vê mais que seu carcereiro particular.

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terça-feira, maio 18, 2010

é

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desgraçado
acaso que não
sei se te quero
nem tirar de lado a rota
causa do desafinado
destino de quem te
propôs o amor e recebeu
miniaturas de atenção mesmo
sendo bom  mesmo
sendo passageiro e sabendo que não
tem outra meneira
a não ser essa falta tosca de harmonia
em mesmo estando tudo
bem é engraçado e bom
quando acontece como
é bom essas coincidências

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quarta-feira, maio 12, 2010

Hehehe

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Lá longe, la em cima, lá, pequenininho...
O ponto B da vida é menos interessante.
O percurso, nunca antes querido,
É o que mais dá trabalho
E também satisfações.

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"Querida, vamos lamber ferida
Não, amor, prefiro chupar tumor.
Tumor não me seduz, prefiro um copo de pus"
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terça-feira, maio 11, 2010

Consideração.

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Praticar o domínio das paixões.

Praticar a rendição bem-vinda ao inevitável

Proclamar-se independente.

Aceitar as consequencias.

Arrepender-se de ter protelado.

Modificar.

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quarta-feira, maio 05, 2010

5/5

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E foi assim:

Ele um dia, cansado da vida, quis viver de solidão
Ela, como sempre sonhava com amor, queria mais que diversão
Ele afastou-se de tudo, dispediu-se de todos e rumou para a loja de poções
Ela suspirando, sem paciência pra sorte, rumou para a loja de poções.

Ele à direita, com um frasco quadrado escrito "veneno" e um desenho de coração partido
Ela à esquerda, com um frasco florido e um brasão escrito "l`amour"
Andavam sonhando, ambos distraidos, se esbarraram no balcão
O que era dele caiu nela e uma núvem negra roubou-lhe o ar
O que era dela caiu nele e um perfume brando o fez sentir flutuando
Eles sequer se olharam.
Ela saiu pela direita e tomou seu rumo, sem olhar pros lados nem pedir desculpas
Ele ainda tonto, abriu os olhos e sorriu sem graça, sabendo queo tempo é amigo de quem sabe amar.
Ela que queria encontrar alguém, sentiu-se feliz sozinha
Ele que queria só ficar só, já precisava de alguem pra dividir sua alegria.
Ela nunca se perguntou quem era aquele estranho que ela esbarrou
Ele tinha a sensação de ter decorado o perfume da moça desastrada
Eles se cruzaram várias vezes pelas ruas
Mas nunca se viram
Ela, voltou a querer um amor quando o efeito da solidão passou
Ele, voltou a querer ficar só, quando o amor não fez efeito

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"sometimes i add a tea spoon of sand"

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terça-feira, maio 04, 2010

Tempestade

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Corre corre corre corre...
Chove chove chove chove...
O vento é forte
Raios caem caem caem...
Trovões rasgam o céu
O teto treme treme treme...
Quem tem medo também
Folhas são arrancadas
Dos galhinhos de onde nasceram
Voam voam voam voam...
Até que, pesadas, caem na água
Que corre corre corre...

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quarta-feira, abril 28, 2010

Buzzy?

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Posso ajudar?
Não pode.
Não seria nenhum incômodo.
Não por isso, você não pode me ajudar nem se tentasse por que você não sabe fazer o que eu preciso fazer e não tenho tempo de te ensinar, e agora, você está atrapalhando muito mais do que ajudando.
Oh! Perdão. Sendo assim, fique a vontade.

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quarta-feira, abril 21, 2010

Cobaia

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Atentei. Tentei. Atentaste. Tentastes. Atentou. Tentei. Atento. Tentamos. Tento. Atento. Dispensa.
Desisto.

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terça-feira, abril 20, 2010

If you marry me me me...


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Princess Cinderella.

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Querer

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Riu e fez tanta troça que pagou com a própria dorr o que havia gozado. Perdeu a aposta.
Quem sentou no trono da vitoria não foi ela, pelo contrario, a venceram e sequer ocuparam a cadeira.
Toma essa, esperta.
Mal pode esperar pela pré-anunciada derrota na revanche que exigiu.

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domingo, abril 18, 2010

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Roubaria uma postagem,
Mas tenho a mínima consideração a direitos autorais
Mesmo que tenha sido um post citação.
No lugar disso: reverencio a vida.
Que difícil.

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sexta-feira, abril 16, 2010

Esses dias.

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Sempre precisei de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos fica a poeira se escondendo pelos cantos... Esse é o nosso mundo: o que é demais nunca é o bastante e a primeira vez é sempre a última chance. Ninguém vê onde chegamos. Os assassinos estão livres, nós não estamos...
Vamos sair! Mas não temos mais dinheiro. Os meus amigos todos estão procurando emprego... Voltamos a viver como há dez anos atrás e a cada hora que passa envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem! Eu só quero me divertir. Esquecer dessa noite. Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo e a artilharia. Comparamos nossas vidas e esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar...
Quando me vi tendo de viver comigo apenas e com o mundo, você me veio como um sonho bom e me assustei. Não sou perfeito... Eu não esqueço a riqueza que nós temos, ninguém consegue perceber, e de pensar nisso tudo eu, homem feito, tive medo t não consegui dormir...
Vamos sair! Mas estamos sem dinheiro. Os meus amigos todos estão, procurando emprego... Voltamos a viver como a dez anos atrás e a cada hora que passa envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem! Eu só quero me divertir. Esquecer dessa noite, ter um lugar legal prá ir...Já entregamos o alvo e a artilharia.Comparamos nossas vidas e mesmo assim não tenho pena de ninguém...

R.R.
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quinta-feira, abril 15, 2010

De Marshon Para Mauld - XII

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Cadeira e Mesa novas, Paris, 30 de Agosto de 1925

Querida Mauld

A janela está aberta, mas e daí? Não passa um vento. Sinto um calor abafado e ruim, mas vem de dentro. Faltei comigo mesmo, aparentemente luto contra mim.
Te falei dela, não falei? Amor novo e sem responsabilidade alguma. Uma jóia rara pelas qualidades invisíveis. Oh, Mauld Mauld Mauld... falhei novamente, como homem, como ator da minha vida só atuo, mas penso que deveria dirigi-la. Falhei em algo que não sei o que foi.
Será que sou um maricas dominador?
Ela me deixou Mauld, e já me apareceu com outro. Pintor e poeta, assim como eu, mas não sei se ele a amará metade do que eu amei, já, mesmo sem dever.
Amor na nossa idade é sacrifício.
Aquele olhar tão denso e frio não toca meu mundo a dias e ainda assim, me lembro do tremor que senti quando apertei seu corpo contra o meu naquela calçada escura entre os bares da madrugada.
Sentir seus lábios secos e miúdos é como respirar. Sem querer os sinto. Sem querer me lembro. Sem querer suspiro. Sem querer a vejo e evito, atravesso a rua, viro o rosto, finjo que não ví, mas ela ainda assim - veja que ousada, mandou-me um abraço pelo Pierre, dizendo lembrar-se sempre de mim ao passar na tabacaria.
Puta. Eu avisei, se estivesses aqui, terias me avisado.
Pronto. Vou procurar uma que me saia mais barato, pois o coração que ela matou não tem mais onde comprar.
Vou procurar um emprego, quero voltar para Londres. Paris me fez tão mal quanto a casa dos meus pais. Vou voltar para você e seu ferreiro dentuço. Serei mais feliz servo da Rainha que amante de uma puta.
Sim, misturei bebidas o suficiente para escrever essas coisas e ainda ter coragem de enviar, mas perceba, querida, quando um homem como eu ama, sofre. Dedico-me totalmente a uma mulher de cada vez, quando a mulher acha um homem como eu, deveria agradecer aos céus, mas ao invés disso, ela me acha um bobo que ainda quis, de alguma maneira ver nela a linda flor que ela não vê. Percebe? Depois do que escrevi eu também me largaria.
Agora, querida, por favor, conte-me de você.

J.Marshon

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perdemos tempo pensando.

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segunda-feira, abril 12, 2010

Na base da porrada

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Não existe escolha pra quem não quer
Deixa-se a toda sorte, ou falta dela
Reclama da impiedade dos maus tempos
Nem percebe a visita da fortuna
Infortunista
Tolo que não se domina
Escravo dos próprios desejos
Ainda rí dos que caminham conscientes...
Fácil falar.

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Eu vô
Me afogar
Num copinho de coca-cola.
Na base da porrada!

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domingo, abril 11, 2010

Cru

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Vermelho nas cadeiras, nas mesas, nas caras embreagadas, em alguns cabelos, em algumas roupas, nas paredes nunca foi a intenção, mas ainda cor de carne sem sangue, vermelho desbotado convergindo num teto branco e sujo.
Nas paredes-feridas, nada. O puro seco do que não se tem para olhar. Fora, nada. Paredes baixas, da cor dos muros das casas altas o suficiente pra fechar a vista num monocromático de antiguidade e luzes da rua, escuras, foscas e amarelas.
Cerveja gelada a preço de beba-me.
Exaltam-se os extintos em meio ao ambiente onde não se tem escapatória a não ser olhar para si ou para os outros. Não existe escapatória a não ser ser. Falta de estímulos para destrair. Destraem-se os egos, solta-se a verdade. Você acaba sendo o que você é melhor.
O som fechado, grave alto misturado com conversas ecoando na acústica que triplica o volume dos que circulam alí. Amontoados de risos, gritos, chamados, vozes musicais, vozes desentoantes, vozes destacadas, conversas bobas, conversas sérias, silêncios.

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sábado, abril 10, 2010

19-21

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O pior é que quando isso está na cabeça, domina tanto todo o resto, que eu respiro mas não sinto o ar entrar.

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19+21

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Se parece uma felicidade, não sei. Não é tristeza. Desconheço essa forma de interpretação. Parece um vazio premeditado. Avisado desde o inicio, como uma premonição, como um reflexo dos olhos. Vazios. Mas não é tristeza, muito menos felicidade.
Retrato das noites e tardes e dias e conversas e transas e toque e beijos e até alguns momentos de troca sincera de carinho-respeito-compreensão. Mas parecer felicidade... já é uma interpretação forçada.
É como se não desse pra saber quando deveria mesmo ser felicidade quando deveria ser tortura. Quando a vontade é grande, mas ao mesmo tempo cria-se a repulsa. Devoção ao inimigo da própria fé.
Isso é mesmo parte obrigatória do pacote "conhecendo"?
Acho que não.
Acho que sim.
Não preciso mais disso... mas preciso de mais.

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