terça-feira, março 30, 2010

Dias

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Ventos passando, levando e trazendo
Nunca mantendo?
Está fora do controle.
Apenas admire.

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domingo, março 28, 2010

quarta-feira, março 17, 2010

Clique aqui - é pra ti.

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Digo: Não quis irritar, nem criar confusão, nem transformar a sua vida numa reprise de mal falares. Não sou exemplo, nem sou modelo, nem parâmetro pra nada.
Não vivo assim, não sou assim. Me achava um pouco mais compreensivel.
Gostaria que desse certo. Quem disse que eu não quero?
Infelizmente, não deu.

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sábado, março 13, 2010

Linda

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O isqueiro falhou. Pedi um fósforo, acendi uma luz. Essa luz me ajudou a ver e entender finalmente.
O tempo inteiro não era eu.
Estava dirigindo quando senti que eu sequer sabia o que estava fazendo e por que eu fazia aquilo tão bem. Onde eu estava realmente? Percebi que raramente eu faço as coisas. Que ultimamente, só penso penso penso penso no nada. E deixo rolar. Andei deixando. Andei não fazendo muitas coisas que fiz. Andei não falando muitas coisas que falei. Andei não sendo eu.
E é difícil ser eu. Eu, quando tendo que ser, tenho medo. Quando tenho que falar, de tão pouco usada a voz é fraca, é falha, é quebrada, é defeituosa. Essa forma independente nunca cala a boca.
Percebi depois que quando eu falo, tendo a pensar no que vou falar, já que deixo de estar para ser, por mania de analise tento ouvir tudo o que vou dizer antes, varias vezes, em vários tons. Assim sinto que vou errar e antes de começar, hesito e hesito e hesito.
Estranho. É por isso que gosta tanto de usar certas substâncias. Ela sente. Ela SENTE. Se coloca no lugar de protagonista e vive em consciência.
Estranho e extraordinário.
Deve quebrar a cara, por que essa cara não e dela. Deve ser desprezada, por que é uma impostora. Um arremedo. E quando tem que se lutar contra esse arremedo ele e forte e cheio de marra. Ele as vezes não me deixa tomar meu lugar. Luta constante para tomar meu lugar de volta.
Eis uma aposta: eu consigo.

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sexta-feira, março 12, 2010

Rivotril.

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Naquele dia, era só um dia comum. Quente quinta-feira. Seu marido não estava em casa, trabalhava, bom homem, sustentando a casa com mais que amor, uma devoção sensível e equilibrada. Precisa deixá-la confortável em sua carência sem sufoca-la. Dar forças sem virar escora.
Ela estava de licença. Já dois meses em casa. Medo do mundo. Síndromes em conflito.
Desejava dar ao seu filho uma infância de mãe normal, mas pensar nisso só a deixava pior. Ele parecia uma criança feliz, mesmo com ela.
Ele, três anos, quase quatro. Idade bonita, como todas as outras. Uma mistura perfeita entre os traços do pai, os cabelos da mãe, a personalidade ainda em formação tendia a de guerreiro. Ela os ama. Eles a amam como centro do amor de suas vidas.
Naquele dia seu filho perguntou algumas vezes por que ela nunca saia de casa, sem entender quando ela dizia, porque não posso, perguntou se poderiam ter um cachorro, porque ela ia poder sair para leva-lo para passear. Isso cortou-lhe as pernas. Sentiu-se fraca. Com medo de ser fraca, tomou um remédio para dormir.
Era uma hora da tarde ainda, seu marido chegaria no começo da noite. Ela acordaria e faria uma comida. Mas não queria ser cobrada com tanta ternura.
Tomou. Lembrou-se do vinho que abriu por ocasião da visita de uma prima, 2 dias atrás, azedando na geladeira. Para não estragar, resolveu beber uma taça enquanto via seu filho sentar no quarto com algum brinquedo de montar.
Deitou-se no sofá. Os olhos foram fechando. Foi curtindo o momento em que assiste o mundo em wide screen, os sons ficam lentos e o corpo pesado.
Sentiu o abraço de seu filho sem ter forças para puxa-lo para si, mas sorriu.
Mãe, ele perguntou, é medo? É sim. De que? Dos monstros da rua. Fechou os olhos.
Não demorou muito sentiu-se rodeada de sons de criança correndo e mexendo nos móveis. A voz chamando longe... longe... Mãe! Longe... Olha mãe! Ouviu um barulho de cadeira sendo arrastada. Olha mãinha! Olha! Abriu um pouco os olhos. Viu seu filho e uma cadeira. Fechou. Barulho. Mãe! Abriu. Ele e a cadeira na varanda. Fechou. Mãe! Pode olhar! Abre o olho!
Abriu.
Ele na cadeira, perto da janela, com uma toalhinha vermelha no pescoço.
Olhos pesados, mente confusa.
Não tem mais medo mãe! Eu agora sou um herói!
E ele subiu na janela e pulou. Menino mágico.
Por meio segundo sua consciência voltou. Pulou para ela, não para fora.
Abraçou e acarinhou e chorou com ele nos braços.
A tela de proteção é melhor mãe que ela mesma.

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De Erika Para Geovanna - XI

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Augsburg, 07 de Julho 1780


Vannie,

Não me aguentei, já te escrevo novamente. Quanta falta me faz te-la conosco em nossa casa, em minha vida, tão perto. Desde o começo do verão o Sr. Hugnstein pergunta de você. Sentiria até um certo ciume, se não soubesse que seus interesses são mais nos vestidos que em quem os veste.
Você o conheceu? Não me lembro se já, mas falo sempre de ti e ele sempre pergunta.
Uma vez me disse que não havia a conhecido pessoalmente, mas tenho essa impressão que já, tira-me esta duvida, sim?
Raposinha, apenas dois dias depois que voltastes para casa Hans descobriu que podemos entrar no
Komödienstadel durante os ensaios, sem sermos notados. Só havia ido lá na apresentação do Mestre Mozart, portanto, imaginas que estou encantada em ver peças e ouvir músicas, mesmo que ainda sendo ensaiadas. E sempre dizem que peralta é você! Hans tem me saído um ilusionista com tantos truques nas mangas!
Por falar nisso, papai levou-nos ao Padre Dominic Schram
, procurar uma indicação de outro tutor mais rígido. Papai não se estranha com estrageiros, mas não gosta do pobre Sr. Hugnstein por ser um maricas. Consegues compreender isso, Vannie?
Oh! Noticias ruins chegaram para o papai. O filho soldado do Gordo Inglês foi para a América em outra Guerra! Imagine, meu pai o conhece desde garoto e esta preocupado. O novo continente quer independência da coroa-real e isso torna tudo muito violento.
Raposa, Augsburg está triste sem você. Eu estou triste sem você. Até a slava Anja está mais triste ultimamente. O Sacro Império Romano da Nação Germânica está inteiro mais triste.
Sinto sua falta, minha querida, sinto muito a sua falta. Mande-me boas novas.
Não ia fazer isso, mas ele está insistindo: Peppito também sente sua falta. Acho que ele sabe que te escrevo, suspirando como estou.
Você viu que Petra adorou o Peppito, mas sabe, ele sente que é meu e me prefere como companhia.
Parar de escrever e como dar um adeus.
Mande lembranças a todos. Cuidado com os Bergg.

Sua,

Erika.

ps: eu amo você.

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quinta-feira, março 11, 2010

Volte logo pra casa.

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Era mentira. Ela estava de novo esperando sentir. Sente? Sentiu. Algo parecido com dor, mas não era dor, não era nada, era o vazio concentrando-se em sussurrar-lhe ao pé do ouvido o quanto dói o não sentir.
Pede ajuda. Pede ajuda pra quem? Mas pede. Pede errando. Pede sem pedir desculpas, exigindo cuidados. Não sente. E sente muito por isso, mas não pode fazer nada. Ela não tem o controle. Ela saberia contornar tudo se assistisse aquela situação, mas ela não assiste. Ela nem existe ali. Deixou-se ir embora. Tirou férias. Tchau! Quem sabe ela volte pra arrumar a confusão que ficou.
Ela sabe que é estranho as vozes se calarem. É estranho o silêncio. Por pior que seja o barulho, é melhor que aquele inferno silencioso. É melhor que onde ela não quer estar.
Não bastasse a vergonha de mesma para ainda castiga o Universo inteiro com su a sequência de inconsequências. Pior de tudo é que não se arrepende.
Pior ainda é saber que ela ao tentar se machucar atira pedras para os lados e todos saem feridos, menos ela.
Veste-se de espinhos, cobre-se de ácido, enche-se de álcool e acende um cigarro. Espera o momento em que tudo ganhe vida e se volte contra ela.
Espera não ser julgada, espera que todos parem de sentir. É. Humanos sempre foram a pior parte de estar viva. Até gosta deles, mas ela não os entende e eles não a entendem e ela não sabe se explicar e eles querem o tempo inteiro, o tempo inteiro exigem explicações e motivos e respostas.
Não existem. Desiste. Ela que já nem pensa, mente.

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quarta-feira, março 10, 2010

hoje?

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Sente de repente vontade de subir alto e abrir os braços.
Sem deixar-se cair, mas de poder voar.
Sabe que a claridade que machuca os olhos faz bem para os ossos e de vez em quando é importante dar força as bases e limpar as portas.
Deixa-se subir e abre-se ao improvável. Sente-se subir e sente-se improvável.
Imperfeita e incompleta. E quanto a isso, as coisas estão indo muito bem.
As coisas estão ganhando vida. Forma. Cores. Cheiros. Texturas.
Não que não tivessem antes. Tem apenas um sentido diferente. Era dividido. Agora é só dela.
Se melhor se pior, só quando senti-las saberá ao certo. E acha que já sabe o que acha disso.
Por enquanto está tudo como deveria estar. Falte talvez um pouco mais de precisão.
Mas mesmo assim respira sem cortes.
Está bem... tudo bem.

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terça-feira, março 09, 2010

Muda.

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Silêncio. O silêncio interno. De dentro. Do centro. Do meio. Do fundo. Da alma. Da sombra mais escura. Mistura-se. Vira sangue. Corre pelas veias. Percorre o corpo inteiro. Silencia lentamente os ruidos. Silencia o coração e de lá vai bombeado por vias escuras, agora também mudas e surdas. Silêncio acumulado, não vira explosão. Implode. Vira veneno. Vira dor. Se encarrega da constricção das vias respiratorias. O silêncio chega até o pulmão para matar o grito. Para tirar o ar. Para espremer a voz com tanta força que faz inchar a garganta. Que faz trincar os dentes. Silêncio que quando chega até o cérebro tira as palavras. Tira as ideias. Mata qualquer raciocínio. Catatonia do som. Nenhum som é produzido. Nenhum som é escutado. Dentro e fora de mim só um chiado rouco. Dolorido - Deus, como dói! Dor física! Dor de estrangulamento. De dentro pra fora. Dor de se sentir incapaz. Incompleta. Fraca. Muda. Sem palavras. Sem argumentos, desculpas, respostas, perguntas. Silêncio esmagador. Silêncio assassino. Silêncio que vira várias dores. Que dissemina dor. Que vira incapacidade. Que vira raiva. Que vira muita raiva. Que vira contra mim. Que tento gritar. Silêncio.

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segunda-feira, março 08, 2010

sábado, março 06, 2010

trolololololo

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Existe aquele momento chave onde se percebe que a queda já aconteceu e você só espera o chão chegar macio.
Penugens que cobrem a memória táctil.

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sexta-feira, março 05, 2010

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Ela está sentada sentindo calor onde deveria passar uma corrente de vento.
Não está esquecendo de nada? Não não está. O Dia é que está meio morto. As vozes e as luzes se desligaram e ela se distrai com o vôo de uma mosca do outro lado da tela.
Será que as moscas sentem o cheiro do fracasso?
Gostaria de algum trabalho braçal, cansativo, relaxante. Que tirasse de seu corpo todo o acúmulo gosmento de preguiçosa paparicagem de uma vida inteira. Gosta disso.
Hoje a garganta não doeu e sente que deveria. Teme o amanhã e o ontem.
Distintos demais.
Procura procura. Criou um calo no pulso de ficar digitando de forma preguiçosa e agora tenta corrigir a postura dolorida.
Ela sabe que essa calmaria interna é o prenuncio de uma tempestade horrenda e nebulosa.
Goste ou não, ela continua a mesma. Pronta para destituir-se do trono e deixar a sombra dominar a virtude protegida em seu mundinho.

Sai e vai fumar um cigarro.

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Criatividade.
Ser criativo nem sempre é fácil.
Na verdade exige-se um esforço hercúleo para realmente criar.
Quem dirá "ai de mim"?
Cansei viu!

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14:31

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26 anos
Canceriana
Desempregada - sob certa expectativa.
Pseudo-ser
Pseudo-eu
Falso-você
Oh! O tédio de uma sexta feira.

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quinta-feira, março 04, 2010

De Marshon Para Mauld X

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Quarto escuro, 10 de Agosto 1925

Mauld,

Que seria de mim, se não tivese minha Mauld para conversar?
Oh, sinta isso: Que radiante novo dia! Dia de sol em Paris, creio que até Londres, hoje se fingiu ensolarada para não estragar tudo.
Nem parece que sinto sua falta ou que seja importante saber se estás bem. Nem parece, pois sorrio, inflexivelmente sobre o restos que me sustentam.
Tende em mente que mudanças são desafios, que os fracos fogem, que estou fugindo novamente. Mauld, cansei minha mente com amigos, não consigo produzir.
Deito-me no peitoril, escondido, para ver se ela passa pela rua. No alto dessa janela, desse quarto virulento, os humores da capital concentrando-me em meu nariz, com sono, no frio, no calor, cansado, como quer que seja: vigio. Como que guardando a passagem enquanto passa.
Ridículo que sou, Mauld. Ridículo, pois na minha idade não se alimentam cobras, dívidas ou amores. Creio que fiquei emolecido com a presença do teu ferreiro.
Outro dia mesmo me peguei pensando no perfume dos cabelos da Tiffane, e me dei conta que ela apresenta uma sutileza natural incomum para uma Francesa.
Vou acalentar ainda essa ideia até que se desmanche pelos meu braços.

Mauld, gostaria de trocar de lugar contigo, so para saber a sensação.


J. Marshon
ps: sinto-me ridículo.

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quarta-feira, março 03, 2010

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Diziam sem emoção:
- Assim mesmo?
- Sim.
- Me diz se te machucar.
- Não, continua...
- Assim mesmo?
- Sim.
-Isso me parece um tanto perigoso.
- Tem que ser pra dar certo.
- Aceitas se eu criar um caminho em certeza?
- Terás de dar garantias de impossibilidade de falhas.
- Não consigo. Aceitas se for viável?
- Não.
- Aceitas possivel?
- Impossivel.
- Aceitas aceitavel?
- Apenas no conformismo.
- Pois põe-te confortável e vê-de o tempo passar...
E assim nasceu a distância.

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terça-feira, março 02, 2010

odal odal lado lado

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Foi o lugar pior que escolhi pra descansar
Não mereço descanso nem um pouco de paz?
Posso tentar fazer diferente e testemunhar em primeira pessoa a destruição de uma vida e morte.

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Parece cocaina
Mas é bicarbonato

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Spot

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Escuro

Tem quem tenha medo
quem goste
quem prefira
quem precise
quem se adapte
quem interprete
quem busque
quem afaste
quem cultive
quem destrua

Ser um ser iluminado é não ter opção
Ser um ser da escuridão e não se adaptar

Dilema.

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