quinta-feira, março 04, 2010

De Marshon Para Mauld X

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Quarto escuro, 10 de Agosto 1925

Mauld,

Que seria de mim, se não tivese minha Mauld para conversar?
Oh, sinta isso: Que radiante novo dia! Dia de sol em Paris, creio que até Londres, hoje se fingiu ensolarada para não estragar tudo.
Nem parece que sinto sua falta ou que seja importante saber se estás bem. Nem parece, pois sorrio, inflexivelmente sobre o restos que me sustentam.
Tende em mente que mudanças são desafios, que os fracos fogem, que estou fugindo novamente. Mauld, cansei minha mente com amigos, não consigo produzir.
Deito-me no peitoril, escondido, para ver se ela passa pela rua. No alto dessa janela, desse quarto virulento, os humores da capital concentrando-me em meu nariz, com sono, no frio, no calor, cansado, como quer que seja: vigio. Como que guardando a passagem enquanto passa.
Ridículo que sou, Mauld. Ridículo, pois na minha idade não se alimentam cobras, dívidas ou amores. Creio que fiquei emolecido com a presença do teu ferreiro.
Outro dia mesmo me peguei pensando no perfume dos cabelos da Tiffane, e me dei conta que ela apresenta uma sutileza natural incomum para uma Francesa.
Vou acalentar ainda essa ideia até que se desmanche pelos meu braços.

Mauld, gostaria de trocar de lugar contigo, so para saber a sensação.


J. Marshon
ps: sinto-me ridículo.

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