quinta-feira, março 11, 2010

Volte logo pra casa.

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Era mentira. Ela estava de novo esperando sentir. Sente? Sentiu. Algo parecido com dor, mas não era dor, não era nada, era o vazio concentrando-se em sussurrar-lhe ao pé do ouvido o quanto dói o não sentir.
Pede ajuda. Pede ajuda pra quem? Mas pede. Pede errando. Pede sem pedir desculpas, exigindo cuidados. Não sente. E sente muito por isso, mas não pode fazer nada. Ela não tem o controle. Ela saberia contornar tudo se assistisse aquela situação, mas ela não assiste. Ela nem existe ali. Deixou-se ir embora. Tirou férias. Tchau! Quem sabe ela volte pra arrumar a confusão que ficou.
Ela sabe que é estranho as vozes se calarem. É estranho o silêncio. Por pior que seja o barulho, é melhor que aquele inferno silencioso. É melhor que onde ela não quer estar.
Não bastasse a vergonha de mesma para ainda castiga o Universo inteiro com su a sequência de inconsequências. Pior de tudo é que não se arrepende.
Pior ainda é saber que ela ao tentar se machucar atira pedras para os lados e todos saem feridos, menos ela.
Veste-se de espinhos, cobre-se de ácido, enche-se de álcool e acende um cigarro. Espera o momento em que tudo ganhe vida e se volte contra ela.
Espera não ser julgada, espera que todos parem de sentir. É. Humanos sempre foram a pior parte de estar viva. Até gosta deles, mas ela não os entende e eles não a entendem e ela não sabe se explicar e eles querem o tempo inteiro, o tempo inteiro exigem explicações e motivos e respostas.
Não existem. Desiste. Ela que já nem pensa, mente.

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