sábado, dezembro 23, 2006

Ainda é sábado de manhã

A mera continuidade
Existencia fluida
Desmanchando na tinta da caneta
no papel
Slow motion proposital
Todos lucidos
Todos loucos
Todos fluidos cores sentir~to~pes~que se mechem sozinhos
Tão tão inocentes
Inseguros
Confiantes uns nos outros

kd minha agua ¬¬'
_______________ ¬¬'
___ ¬¬' ______________ ¬¬' Só ~existir~ conflito da mão com a
kd a agua! cabeça

Vamos ver se eu não te controlo sua ~~___~~
TIRA DO PAPEL ~~~

Mas não tem nada pra falar, então vá curtir =) =)

Quando você acha que passou é que tá mal começando!
CONTROLE! ~vale cada bite*~

Que controle que nada eu não to nem raciocinando, imagina: ouvir o bruno, entender, pensar, escrever e ainda Curtir o som =)

Se não é tudo mesmo a inspiração
~Vale cada bite~ INSPIRE E OLHE PRO CÉU!





*de cabeça para baixo

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Sex Bullet

Numa multidão você se sente só
Numa profusão de cores você olha cinza do chão
Entre amigos você se sente extranho
Num sorriso você que gritar

Perder o compasso da harmonia
Perder a hora vendo o tempo passar
Achar partes do que não se partiu
Colar a força o que não quer encaixar

Fechar os olhos pra não ver o que já passou
Desistir depois de ganhar
Querer ir pra onde não se existe
Existir só pra dizer...
Não consigo achar uma rima

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- na procura de respostas ela tem cada vez mais duvidas.
- sem a menor vergonha de se arrastar por minutos da atenção de alguém que lhe é tão qualquer um.

domingo, dezembro 17, 2006

aBalaDa

Contando agora parece distante, mas a linha do tempo não é a mesma do espaço.
A linha do tempo é torta e pessoal... é intrasferivel, é apenas uma sensação.

Já se passaram quase dois anos na mesma historia remoida e recontada tantas vezes que já perdeu o sentido original. Era para ser mais uma historia de começo meio e fim de amor, tesão e desgaste. E foi, pelo menos era para ter sido assim, simples como todos os encontros e desencontros da vida.
Pessoas vêm e vão... o tempo cura... Mas nada faz o tempo ser o mesmo para todos, para duas pessoas com ritmos tão diferentes...

Ela se senta todo dia na frente do computador tentando escrever a historia de seus pensamentos, mas nem mesmo ela consegue organizar as suas ideias.
Hoje, depois de meses se sentindo livre, acordou com uma sensação de vazio... e sem esforço nenhum a imagem do que faltava lhe veio a cabeça. "Não de novo..."

Por ela, estouraria o cerebro com a 450 magnum guardada na gaveta do quarto ao lado, mas sabe que não pode fazer isso agora... quem sabe seja só uma lembrança rápida, já já iria embora dando um Adeus de 4 e 2/3.

Mas o tempo não passa... como não passou no ultimo ano, como não passa a muito tempo, como sua vida que não passa nunca e ela não aguenta mais esperar que tudo passe...
Como é incrivel a linha do tempo, pessoal e intrasferievel e subjetiva.
Ela fez tantas coisas para ocupar seu vazio no ultimo ano que não sentiu o quanto o passado, cada vez mais passado não se distanciou dentro dela. Acalentado por sonhos infantis de amor e prince charming. E ela sabe, e até tenta não acreditar. E não acredita. Mas existe uma esperança imortal dentro dela...

~ idiota ~

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Bala 4

Lhe é natural a seção tristeza.
Percisa-se de 1h por dia pra se sentir suicida sem os efeitos colaterais...
Auto flagelação mental, as vezes física - quando acha que não vai sentir dor maior que a de não existir.
Normalmente ignorada pelos que a rodeiam, eles tem suas vidas e a vivem mas ela não intende como conseguem.
Ela não sabe nada sobre seu futuro apesar de calcular meticulosamente os detalhes de sua futura casa.
Tem a sensação que precisa urgentemente ter algum motivo pra viver, a anos...
Aceitava qualquer coisa que a vida jogava em seu caminho pelo simples motivo de não ter nada melhor pra fazer.
Nunca soube fazer escolhas...
Se um dia ela perguntar...
Tanto faz... é sempre a pior resposta.

domingo, dezembro 10, 2006

Wings

E olhar de lado meio sem querer
te ver passar
te abraçar e te ouvir
te falar da saudade
ouvir de outra saudade
fazer bico sem querer
perder de vista
esperar que sinta a mesma falta que você

terça-feira, dezembro 05, 2006

Terceira Bala

Não precisamente o mal estar...
Nem sequer a impressão de indiferença
Muito menos a falta de esperança -
Se é a esperança que nos mantem ainda como humanidade -

Auto imagem decadente
Indiciplinada em relação a relaçoes
Desgastos de poucos anos
Inimaginavelmente distorcidas com faltas de memorias e memorias falsas

Proteger-se das proprias pragas é mais dificil do que de sí mesmo

sábado, dezembro 02, 2006

Bala de Neve

...
Mais um dia, com vocês meus amigos, sentados aqui nesse terraço olhando a neve insana cair... olhando a neve fazendo estragos...
Neve que assola minha cidade, que cai sobre meus amigos e os fazem sentirem-se vivos, porque você insiste em cair justo na nossa cidade?
neve insana... o sangue já escorreu, e nem assim você sai de baixo da neve, segue em frente, sempre se divertindo com ela. A neve sangrenta sempre proxima, sempre ao seu lado pro que der e vier, a neve maldita...
chega do nada, cai sob nossas cabeças e nos ativam, trava tua carne, e te deixa louco, "- ô ô fica mais um pouco, que a neve ta chegando de novo", todos vamos nos divertir agora com ela fazendo bolinhas de neve, cuidado só para não entrar no nariz, porque se entrar a neve pode te matar...
Mas nós adoramos o poder mesmo sabendo dos podres... Alguns se deixam arrastar numa avalanche repentina, por pura curiosidade, depois por prazer, depois quem sabe? Controles de impulsos nunca foram o forte do nosso meio.
Brincamos com o mais forte só para tentar fugir depois. Estamos numa montanha sabendo que é dificil correr da avalanche quando ela vier, e ela sempre quer vir.
"É só no fim de semana, é só um pouco pra me animar, é inexplicavelmente bom, mas não prove."
Hoje acordamos cedo e não lembramos do que aconteceu horas atras. Já pensando no que fazer para as horas até a noite chegar passarem mais rapido e repetir a insanidade da noite anterior.
Agora rolamos e brincamos, as vezes um ou outro diz que não quer mais, mas o vento inimigo leva ate aos mais distantes o cheiro do que eles desejam...
Neve, nevando na cidade... todos ja viram, já pegaram, mesmo quem não se encantou com ela a conhece.
Esse branco é belo e quase infinito aos olhos de quem o deseja.
É invisivel para quem não o conhece e preocupa os que, de fora veem que a cada floco que cai cai também mais um amigo.


by: Bruno e Eu

quarta-feira, novembro 29, 2006

Balinha de 2 conto

hehehehea


VENTANIA
O diabo é careta

Viajando, viajando
No brilho desta morena amanheci no verão
Cada vez mais descacetado da cabeça
Maldita flor da trombeta me pirou de vez
E me levou para o inferno sem minha lucidez
Fui perguntar pro Diabo se ele fumava um
Fiz da canoa uma seda e eu não me toquei
Foi quando ele respondeu: “Muito obrigado, amigo,
mas eu sou careta”!

Ai meu Deus o diabo é careta
Te denuncio pra galera seu capeta
Toma este chá de cogumelos com trombeta
Se não arranco esse seu rabo seu careta
Se não arranco esse seu rabooo....
Seu careta...

Viajandooo, viajandooo,
No brilho desta morena amanheci no verão
Cada vez mais descacetado da cabeça
Maldita flor da trombeta me pirou de vez
E me levou para o inferno sem minha lucidez

Viajandoooo, viajandoooo!!!

terça-feira, novembro 28, 2006

Laila

Laila Ormitch é meu nome. Comemorei meus vinte anos a seis meses na minha terra natal, nas fazendas da família. Nasci em 1980, na Romênia.

Minha família é dona de um vinhedo e produz um dos melhores vinhos da Europa, embora não seja uma produção forte que caracterize o nosso país, minha família tinha essa tradição. E a três gerações, ainda na União Soviética, nosso vinho passou a ser comercializado, logo com o fim do comunismo. A família era dona da maior vinícola da Romênia a ser reconhecida pelos apreciadores de vinho na Europa.

Tenho dois irmãos mais novos: Evan, que fará 18 anos em breve, e Marian, de 14. Desde pequenos nós crescemos nos vinhedos das fazendas, onde nossa mãe, Elisa, verificava pessoalmente a qualidade dos produtos. Nossa família sempre foi unida, trabalhando sempre juntos: meu pai e minha mãe, meus irmão e eu.

Sempre estudamos nas melhores escolas particulares do nosso país, mas para nós não bastava um bom ensino, Vladimir Ormitch, meu pai, não admitia que não fossemos sempre os melhores, até para ter certeza que nossa empresa, orgulho da família a gerações, ficasse em mãos preparadas para tanto, por isso tínhamos nossos tutores particulares.

Tenho preparo de curso de Administração. Fiz com professores particulares ao mesmo tempo em que completei o ensino médio, antes mesmo dos 18 anos, assim também Evan com preparo em Direito, antes da faculdade. Marian, a mais nova, está começando seu aprofundamento na empresa agora, sendo iniciada nos estudos para trabalhar com o departamento de Marketing da Ormicth.

Curioso uma família produtora de vinho por crianças dentro do meio empresarial de bebida, mas não podíamos sequer cheirar vinho antes dos 16 anos. Marian por exemplo, nunca bebeu, e não parece estar ansiosa para tal, assim como eu ou meu irmão também não éramos.

Evan e eu, para provarmos vinho a primeira vez fizemos curso de degustação. Cuidado óbvio, se queremos manter a qualidade não podemos deixar que haja uma iniciação mal feita e até estragar o bom gosto pelos vinhos.

Aprendemos na prática a lidar com empregados e com a empresa como parte da educação da família. No meu caso, aprendi a ser a futura dona dos vinhedos, da fabrica e da empresa, resumindo: eu fui criada para administrar e meus irmãos para cuidar do marketing e da parte legal.

Apesar de toda essa exigência tínhamos prazer em tudo isso, criamos amor pela empresa, e meu objetivo na vida é fazer essa empresa crescer cada vez mais, e nos tornarmos os maiores produtores de vinho de toda a Europa. Não só produtores da Europa, como maiores importadores do mundo. Tarefa difícil para um país sem tradição em vinho. Mas eu sempre estive disposta a dedicar minha vida por esse objetivo. Não vendendo vinho como Coca cola, em quantidade a qualquer preço, mas em qualidade e quantidade e até mesmo expandir a marca Ormitch além dos vinhos.

Apesar de parecer estranho para quem não entende como fomos criados, até mesmo nosso lazer era na própria fazenda onde tínhamos os vinhedos: andando a cavalo ou nadando nos rios, as vezes íamos velejar no Mar Negro ou no Danúbio, ou viajávamos com papai pela Europa e até uma vez na África do Sul, enquanto ele fazia seus negócios. Assim aprendemos a ver trabalho não como algo frio e sofrido, pelo contrário, o amor por aquelas terras cresceu conosco e a vontade de prosperar fez parte de nossa criação.

Tive assim uma infância saudável, mas cheia de responsabilidades não usuais. Cresci e me considero de bom porte, não sou alta, tenho 1,74m, não muito diferente da média, olhos e cabelos pretos, em nada aparento minha ascendência slava (fraca, acho que nenhum cromossomo sobrou, só o sobrenome), sangue latino realmente é mais forte. Dos slavos herdei a pele branca, como a de minha mãe. Pela minha idade, ainda me vêem como uma garota, e sei que ainda aparento ser jovem demais para tanta responsabilidade que carrego comigo.

Ainda não fui para a faculdade, importante para completar meus estudos, e adquirir respeitos com esses executivos emergentes que só acreditam em diploma. Quis antes nesse último ano cuidar pessoalmente de contatos nos Estados Unidos, não perdendo tempo, pois posso garantir vaga em qualquer das melhores faculdades daqui, mas não acompanharia os negócios pessoalmente estudando agora, pois ainda temos que conseguir fidelidade dos importadores na América. Afinal não tenho diploma mas tenho toda a formação de gestão empresarial que aprendi com os instrutores na teoria e com papai na prática.

Estamos morando na América desde 1998, completando dois anos agora, para expandir os negócios. Já temos um escritório em NY, cidade onde a família foi morar e também onde são feitos parte das transações com a Europa, costa leste dos EUA e Canadá. Agora estamos fazendo negócio mais ao sul, por isso viemos, papai e eu para Miami, passar uns meses trabalhando.

Foi aqui que conheci Helena, uma cliente muito... exótica. Aparentava um pouco mais de 30 anos, se apresentava sempre com um visual clássico meio gótico, com vestidos longos, geralmente pretos, pretíssimos cabelos longos e pesados, e branca, muito branca, de uma profunda palidez, mas era vigorosa apesar de uma apresentar certa fragilidade.

Era uma compradora assídua de unidades de exemplares de nossas melhores safras, e por vezes pedia lotes de algumas produções. Através dos negócios nos apresentou contatos que nos abriu muitas portas para conhecermos exportadores de grande parte dos EUA e uns europeus que não conhecíamos ainda.

Durante um certo tempo nos encontramos várias vezes ao acaso, em jantares de negócios e mesmo formalidades. Criei certa admiração pelo modo que ela tratava negócios... serena sempre, mas de modo sério e sutilmente impositor.

De modo sutil apareceu uma certa amizade, eu a admirava como empresária: nova e muitíssimo bem sucedida, e ela parecia gostar de minha companhia, conversávamos sobre muitos assuntos, ela se mostrava interessada por minha vida, e conquistou minha confiança de modo a até me abrir sobre minha vida pessoal, mas sobre ela... eu não sabia nada.

Mostrou-se ser uma boa apreciadora de vinho e pediu que fosse eu que cuidasse de seus contatos na empresa, e assim o fiz.

“Seria uma honra.”

“Honra minha conquistar sua confiança em mim para seus negócios...”

Fomos jantar um dia, já não era cedo da noite, levei um dos melhores vinhos que trouxe da Romênia, uma safra colhida ainda pelo meu avô, não me era custo algum agradá-la. Num país estranho para mim e numa cidade longe de minha família, Helena me fazia uma companhia agradável, pertencente ao mesmo círculo social e apesar de um pouco mais velha, era mais próxima a minha idade que os amigos de meu pai.

Depois do jantar convidou me a ir até seu escritório. Um ambiente à meia luz, espaçoso, parecia decorado por profissional, estilo clássico e sóbrio, ganhava um tom místico das luzes, todas indiretas, dispostas nos cantos do escritório, que, pelo menos para mim, parecia estar sempre diferente...

Abrimos a garrafa.

Helena, com seu jeito calmo, me tratava com um respeito que poucas vezes recebi de compradores, por causa minha idade, mas ela me lembrava sempre de meus poucos vinte anos quando me olhava com certo ar superior, porém não era um ar superior de deboche, mas parecia de, por estranho que pareça, orgulho surpresa e admiração... como um professor e um bom aluno.

Perguntou-me sobre minha vida: negócios, infância, fé, família, gostos musicais, preferências em geral... tomando a frente na conversa, havia como que me hipnotizado.

Não posso negar que ela tinha um modo sedutor de olhar que parecia olhando minha própria alma... olhar profundo dos seus olhos escuros, pequenos e quase sem brilho.

Conversando sobre meus desejos perguntou-me se eu realmente queria transformar a Ormitch dos meus sonhos em realidade.

“Laila, você me parece ser muito esperta para sua idade”

“Esperteza... Minha idade devia ser multiplicada por dois com as obrigações que tenho a tanto tempo... não sou esperta, sou gananciosa. Já te contei no que acho que a Ormitch pode se tornar...”

“Sim... sim...” ela bebeu o resto do vinho, e pegou minha taça, também vazia para enchê-las novamente. “Você quer mesmo dedicar sua vida a essa empresa?”

“Claro que eu quero...”

Ela me entregou a taça e sentou-se no canto da mesa a minha frente

“Você gostaria de comandar aquela empresa do seu jeito? Da sua maneira?”

As vezes seus olhos desviavam por segundos dos meus, passeando por mim, como sentindo os mais leves movimentos involuntários.

“Ora, Helena, claro... você sabe que isso é minha meta pessoal...”

“Se eu te desse o poder de uma outra vida? Uma vida eterna onde você teria o poder de fazer com que a empresa fosse eternamente de Laila Ormitch?”

Na hora aquilo me pareceu estranho... mas ela logo falou de vida eterna e lógico liguei imediatamente com aquele visual sombrio: “ela deve ser de alguma seita” mas ela me olhava nos olhos. Não nos olhos, mas parecia ler minha mente, eu me via dentro de seus olhos, e talvez o vinho tivesse subido à cabeça, bebemos quase toda a garrafa aquela noite.

“Como eu teria isso?“

“Você só precisaria ser fiel a mim. Você seria fiel a mim Laila? Você seria dona se sua vontade, mas estaria ligada para sempre comigo.”

Não sei se o que pensei na hora foi algo como: fidelidade à ela como membro da tal seita, ou se foi a sedução do seu olhar, dando a entender que eu deveria fidelidade a ela. Sei que aceitei a oferta, como nunca fora de meu costume, apesar de ser impaciente sei negociar, mas com aquela presença parecia que eu poderia confiar-lhe minha vida, e aceitei sem fazer muitas perguntas.

Ela até então estava sentada no canto da mesa, me olhando nos olhos, tirando o olhar poucas e rápidas vezes, me deixando sem jeito ao me observar daquela maneira.

Aquela mulher levantou-se e andou silenciosamente contornando a mesa. Só se ouvia seu salto fino bater no chão de madeira. Andou contornado o grande móvel onde estava escorada, longe de mim alguns palmos. Bastaram três passos para se por em pé ao lado da cadeira onde eu estava. Suas mãos, geladas como só senti nos mais frios invernos, tocaram meus ombros... toquei-lhes as mãos, que furtivas escarparam e passearam em meu pescoço. Ela pressionava um pouco seus dedos, sentiu que eu estava um pouco tensa mas não falava nada, continuou com suas mãos nos meus ombros, me fazendo relaxar aos poucos.

Sentia seus dedos magros afastando meus cabelos para as costas, virando um pouco minha cabeça de lado... eu estava sem reação, não havia nunca passado por isso, seus dedos pararam em minha nuca, senti que ela se aproximava, meu coração bateu mais rápido, sentia meu sangue percorrer meu corpo mais quente, em contraste com os dedos gelados entre meus cabelos... eu estava deixando que ela guiasse meus movimentos.

Sensações não são racionais e eu tentava entender o que sentia naquele momento... Sentada naquele escritório escuro, acabei de aceitar um pacto de fidelidade com aquela mulher sedutora e agora ela estava como que me dominando, tomando totalmente minha atenção, concentrada apenas no contato que sentia, suas mãos, eu esperando o toque de rosto, já imaginando sua boca, a expectativa tomando conta do meu corpo, esperando uma experiência prometida com olhares... sinto um leve toque do seu rosto no meu cabelo, um movimento de ar no meu ouvindo, e sua voz... ela disse algo automaticamente esquecido pela dor de sentir a pele do meu pescoço rasgando...

Não conseguia entender a situação: “Ela está me mordendo? O que é isso?”

Logo em seguida a sensação foi exatamente oposta, me sentia relaxada, um prazer que até então não sabia que existia, algo inimaginável, completamente inebriante. Um prazer comparável apenas a um orgasmo em proporções cósmicas. Estava sentindo algo inexplicável, incomparável, nunca senti nada parecido a absolutamente nada em minha vida. Meu corpo tinha espasmos de prazer, o calor do meu corpo parecia ir e voltar, cada músculo meu relaxava e se contraia como se por inteira estivesse pulsando.

Já estava exausta, cansada... apaguei.

Então a mudança dos sentidos... do prazer completo à dor insuportável... tudo tão interligado que não sei dizer quando um começou ou terminou o outro.

Em meus pesadelos dolorosos, senti meu corpo contorcer-se como um pedaço de carne repuxada numa briga entre dois lobos... dores agudas percorriam todos os meus órgãos como se cortadas por finas navalhas, pequenos e violentos puxões cobriam o meu corpo e assim permaneci por um tempo que me seria impossível calcular, pois durou pouco tempo para me manter sã, mas tempo demais para suportar e se tornar superável. Adormeci em meio ao sofrimento.

Não abro meus olhos... mas estou acordada...

Sinto uma dor aguda... como se fosse uma cólica potencializada 10 vezes... uma necessidade... quase familiar...

Sinto um gosto doce na boca... agarro com força, pressiono contra minha boca seja lá o que estivesse guardando o que estava derramando, eu não podia parar de beber aquilo, pois aquilo mesmo me devolvia as forças... Enchia-me, me alimentava, me nutria...

Lentamente me sinto menos morta.

Abro lentamente os olhos, demoradamente, estavam pesados... Me sentia cansada, dolorida, fraca.

Não parava de beber o que fosse que me davam.

Eu segurava com força, algo macio, como o corpo de uma garrafa, um pouco mais fina e mais comprida...vi que era seu braço que eu segurava. Era seu sangue que eu bebia, descendo de um corte no pulso. Senti repulsa do que estava fazendo, mas agora já havia bebido o suficiente para permanecer acordada apesar de dolorida, parecia que eu havia morrido, e era aquilo que me mantivera viva.

Uma memória que me é viva, clara nessa hora é a voz... A voz daquela que me causou o tormento: Helena me fazia repetir palavras que não faziam nexo no meio da dor que eu ainda sentia, mas eram palavras por demais fortes para não me lembrar: uma jura, de obediência a ela e ao clã.

Não iria fazer juras de nada, mas foi pressionada, obrigada. Neguei enquanto tive forças, mas a mão dela é mais pesada do que jamais imaginaria. Torturas... tortura até repetir o juramento.

Faz agora 4 meses desde que fui naquele jantar...

4 meses que sinto revolta, me sinto enganada, com raiva, algumas incertezas, saudades... e ao mesmo tempo minha ambição multiplicou-se de forma inimaginável, minhas idéias clarearam, agora eu posso realizar meus planos sem medo do erro. Perdi medos, ganhei medos... 4 meses me acostumando a ser outro ser; 4 meses com Ela, minha Senhora, a quem devo tudo, que me custa devoção, minha Senhora, que tanta angústia me trouxe.

Aprendi algumas coisas... lacaios por exemplo, aprendi que posso “educá-los”, tal ensinamento me foi muito útil, pois negociar apenas a noite é quase impossível; aprendi a me alimentar sozinha, apesar da repulsa das primeiras vezes, acabei criando certo prazer, como um novo esporte, entre várias outras coisas que aprendi cada vez mais interessantes.

Apesar da adaptação ainda não aprendi a viver sem liberdade, meu único objetivo real agora é a Ormitch crescer, fazê-la ser apenas minha, pela eternidade, ganhar status e principalmente: Poder.

Agora, eu moro em Miami, com Helena. O resto está em NY.

Não existe mais família, só mantenho contato com meu pai. E todo contato é relacionado a negócios. Sei que eles nem sequer fazem idéia do que me tornei, nem suspeitam de minha evolução.

Sei que sabem que estou morando com ela. E não gostam disso.

Claro, devem estar imaginando que me envolvi sentimentalmente com ela. Ha ha... tolos. Suspeitam de envolvimento com drogas também, mas não me perturbam por nada, sabem que sei cuidar de mim, e continuo cuidando bem da minha parte nos negócios da família, por isso não me incomodam.

Helena foi o único ser que me pôs numa situação de inferioridade em toda a minha vida. Isso me trás sentimentos controversos sobre ela.

Ela me ensina como ver minha nova vida, me mostra as possibilidades que agora ela me deu...

Nutro por ela profunda admiração, respeito, apreço, uma certa inveja e rancor. Rancor infantil, até mesmo para meu próprio ponto de vista, nada que não possa conviver e superar. Ela me trata com respeito, porém me colocando em situação de inferioridade constante, até no modo de me tratar: “criança...” visto que para ela sou apenas uma tola inexperiente.

Mas aprendi a gostar de sua presença, seu modo de ser. Quero aprender o que poder, e colocar-me onde sempre quis. Em breve...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Segunda Bala

Um dia acordou e chorou ao se olhar no espelho quebrado ao lado do guarda roupas.
Não conseguia intender como era tão facil ser desimportante sendo um universo completo. Por isso mesmo era maior a angustia, ao ver-se tão cheia de nada.
Desesperou-se e correu até a porta do quarto, parou sem saber as horas, fechou os olhos com fome, descobriu que dormira com as lentes de contato.
Não sabia se as feridas abertas na noite anterior sarariam antes de cumprirem sua missão...
Abria os braços sem coragem de encostar os dedos na maçaneta da porta.
Lá fora as unicas pessoas que sabiam sua importancia, mesmo sem saber nada de sua vida, andavam de comodo em comodo apressados, sem saber que uma vida se mantinha para não decepcionar mais ainda os que ali viviam.
Passou dias, meses, anos de sua vida tentando ser alguém melhor.
Nunca conseguiu ser suficientemente compreendida ou compreensivel, mas seu desespero era palpavel.
As vezes inventava mentiras para ter assunto.
As vezes se calava para não desagradar só por falar o que não deveria ser dito.
As vezes escutava tantos problemas que os absorvia aos seus proprios.
E sentia-se como se nunca tivesse tido reciprocidade das pessoas que se dedicava.
Sentou-se no chão escorada na porta com as mãos tremulas e respirou fundo.
Apesar de tudo, algumas perdas a fizeram ver como não sabemos nada sobre o coração das pessoas.
Se conseguisse atravessar mais 4 metros, uma porta e uma gaveta teria nas mãos seu destino, mas preferiu seguir com suas dores para não trazer uma maior, pois alí estavam as unicas pessoas que nunca quizera causar mal algum.

domingo, novembro 26, 2006

Primeira Bala

Hm...
Nunca tive um blog antes... alias ja tive sim, mas não vem ao caso.

Bala na cabeça - cura vida e morte.