sexta-feira, outubro 29, 2010

Martin Pescador

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Conta se é verdade
Um pedaço arrancado não pode estar certo.
Meu tempo é que não te acompanha...
Nem acompanho teu tempo.
Tenho momentos a cada momento
Vivo em momentos - peças de vida -
Sob comando das necessidades.
Podemos ter momentos inteiros.
É só agora e talvez nunca mais
É só enquanto você quiser...
Eu não tenho dono
Eu não quero dono
Eu não sei ser dono
Eu não tenho posses
Eu não tenho chão
Nem acredito que jamais pudesse ter você
Um caçador anda só
Dois caçadores se atrapalham
Só não quero dividir os territórios
Pode caçar da minha caça
Pescar da minha pesca
Até marcar as minhas árvores
Enquanto eu for tua caça e você for a minha
Será que só assim tem graça?
As vezes queria ser presa
Mas como você, caçador.
Também tão sem dono
Também tão sem posses
Também tão sem chão

Queria acreditar - ou ler teus pensamentos.

Quer voar comigo?

por.que.com.você.meus.segundos.valem.a.pena.serem.vividos.não.importa.se.não.faz.sentido.se.é.mentira.sua.ou.minha.
se.você.sente.o.que.diz.se.duvida.de.mim.se.é.um.grande.erro.se.eu.estou.sendo.um.completo.idiota.pra.ti.se.você.que.está.sendo.uma.completa.idiota.pra.si.
sei.que.todo.dia.sem.te.ver.é.uma.tortura.é.uma.semana.e.o.tempo.passa.devagar...

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sexta-feira, outubro 22, 2010

Naquela noite

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Andava me afogando no que eu não conseguia dizer. Angústia sufocante entalada entre o peito e a garganta. Engoli com ajuda. Mais uma dose de que? Está voltando, agora será com força máxima. É sadismo vomitar o que te entala no prato de alimento alheio. Espero a festa acabar. Por enquanto, olho pra fora.
E é lá fora que eu queria estar.
Vejo o vento arrastando folhas secas. Vejo as sombras. Sinto o cheiro do meu lugar.
Aqui é morno e acolchoado. Os pratos com sobras me enojam. Os copos alinhados me lembram paredes transparentes.
Olho pra fora. Meus pés estão frios, mesmo nessas meias grossas. Incômodo. Quanto incômodo.
Quanta vontade de correr. Correr era o que eu fazia melhor, será que ainda consigo correr tanto a ponto de escapar? Por isso calçaram-me botas pesadas. Por isso vestiram-me com roupas que me apertam. Por isso impedem-me de chegar tão perto das portas e janelas, que sempre busco nas frestas uma lufada de ar de fora.
Essa festa ao meu redor é ainda pior do que estar apenas preso. 
Quero sair. Não quero esperar.
Quero e não faço, por que não sei calcular a delicadeza para partir um coração sem destruir todo o resto.


Adolfo Bianco

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quinta-feira, outubro 21, 2010

quarta-feira, outubro 20, 2010

De - Para Mauld

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Paris, 03 de Janeiro de 1925

Ao Sr e Sra Hermet,

É com grande pesar que envio ao senhor e sua família a triste notícia do falecimento do Sr. Marshon.
Essa sexta feira o corpo do Sr Jason Marshon  em seu quarto. Um vizinho ouviu um tiro e viu escorrer sob a porta,  o equivalente a meia garrafa de absinto. Bateu na porta e não ouviu resposta.
Após um momento de preocupação batendo à porta do apartamento chamamos um policial que entrou no lugar.
O Senhor Marshon morreu sentado ao lado de uma escrivaninha. Foi feita uma autópsia e o apartamento foi revirado. Aparentemente ele foi assassinado com um tiro no peito. Não foi encontrada nenhuma arma ao seu alcance, mas a porta estava fechada.
Encontramos escrito e endereçado à Senhora Mauld Hermet o seguinte transcrito:

"Mauld, 


Como vai? Os Hermet estão bem? Te tratam bem?
Responda-me: Está feliz? 
Eu, Mauld, não estou. Algo me empurra para trás. Não sinto os pés no chão. Não sinto que valha a pena sequer continuar tentando voltar para Londres. Não tem graça em lugar nenhum. Já fugi daí por não suportar o que me prendia... aqui não suporto a liberdade. Sinto que vou explodir...
Quero preencher-me o tempo todo e não exista nada para consumir que ocupe o espaço do meu corpo inteiro... "

Sentimos muitíssimo pela perda, o Sr Marshon era um homem muito correto, gentil, educado e que pagava em dias. Nunca imaginamos ter inimigos ou motivos para tanto tormento para que tirasse sua própria vida..
O original ficou com a polícia, como peça de investigação.
Escrevemos ao Sr e sua família em memória à grande estima que o Sr Marshon tinha por todos. Era um homem de poucas palavras mas costumava falar do senhor como um grande amigo ao qual tinha muito carinho e à sua esposa, a qual considerava uma irmã.

Lastimamos dar essa notícia e também esperamos uma breve visita para que os pertences do Sr Marshon voltem para Londres, já que não deixou dívidas.

Michel Poppe
Senhorio

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terça-feira, outubro 19, 2010

segunda-feira, outubro 18, 2010

''''''''''''''''''f

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Aquela moça passou com um frasco de perfume.
Trouxe ares de esperança. Senti aquele cheiro amadeirado e lembrou-me de minha terra natal. Onde nasci e morri. Aquele era o cheiro que entranhava no nariz de todos os que passavam por aquelas terras. Para sempre.
A marca que fincava na memória uma sensação de divertimento infantil, inocente, aquele cheiro cheirava a inocência. Acredito que emano esse cheiro quando me perco num olhar curioso e macio. Suavemente invasivo. Suavemente sedutor.
Cheiro de descobrimento. Era o cheiro das descobertas juvenis. O cheiro das folhas onde rolei nos namoros com jeito de adolescente, mesmo muito depois do que se pode chamar de homem-feito. Era um cheiro seco e doce, com um toque cítrico quando se dissipava quase totalmente. Um cheiro que lembrava terra seca coberta de folhas quebradiças depois de uma longa semana de chuva e três dias de vento forte.
Aquele era o cheiro que tinha a liberdade. Por isso prendia firmemente na memória de quem o sentiu.
Tive vontade de gotejar no peito e nos pulsos. É o cheiro de espaço. De movimento. De auto-suficiência dividida. Cheiro não da presa, mas de quem busca. Era o cheiro que eu usava para me disfarçar no mato. Para me disfarçar nas ruas. Para fazer tocaia e para assinar meu caminho.
É o cheiro da vontade selvagem das árvores que rompem o chão - céu acima. Era um cheiro disso tudo.
Era um cheiro disso tudo à noite.

Adolfo Bianco

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sábado, outubro 16, 2010

Alter

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Nasci no mato, filho único. Levado pelo vento pelos cheiros do alimento. Fui fraco em pequeno, cresci sozinho, forjado na mata. Me escondo nas neves, na noite e no escuro. Protejo meu espaço, meu pedaço de chão. Sigo a fraqueza que se aproxima. Solitário. Completo. Procuro pouco companhia. Deveria andar em bando. Minha natureza até que pede. Não tive chance de aprender minha espécie. Caçador. Sou lobo solitário.


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Adolfo:  - Nobre Lobo
Bianco:  - Branco


.TEUTÔNICO ITALIANO.

Me chamo Lobo Branco.

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Doutor,


Algo me faz mal.
Meu nome, minha idade, meu tempo, minha vida, meus quereres, meus prazeres, minha vontade, minha verdade, meus momentos, meus desalentos, meus sucessos, meus fracassos, minhas formas, minhas normas, minhas partes, meu todo, meus impérios, minhas metades, minhas paredes, meu quarto, meu espaço, minha carência, meu acalento, minha falta de talento, minhas perdas, meus ganhos, meus pedaços, minhas peças, minhas moléstias, minhas cartas, minhas falas, meus pensamentos, meus descontentamento, minhas curvas, meu peso, meu sexo, minhas parceiras, minhas costas, minha cadeira, meus dentes, meus sorrisos, minhas risadas, minhas dores, minhas rimas, meus amores.


Sabe o que é que me incomoda?
É meu cabelo ficando branco. É não poder ter sumiço. É a ruga matinal na testa. É esse corte no polegar. Saber da minha morte lenta. É minha falta de sorte. É aquela existência persistente. É minha óbvia decadência.  É meu tempo se esgotando. É a sensação que isso não passa. É o medo de ser descoberto. Medo de ser abandonado. É saber não ter futuro. Ter respeito ao passado. É não aceitar ter um dono. É essa falta de grana. A dor nas costas voltando. É não encontrar um fim. É não encontrar um meio. É não ter tido um bom começo. É não ter admitido antes. É ter que viver dividido. É uma porção de coisas na verdade. É uma coisa só simplificada. É querer culpar o outro. Sou eu.


Adolfo Bianco


ps: Preciso de um atestado de uma semana, a começar de hoje, para provar que ainda estou vivo, que apenas não consigo viver.


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quinta-feira, outubro 14, 2010

De Para.

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Leia atentamente sem expectativas.



Se eu pudesse explicar o que acontece comigo para ser tão incongruente, não te diria. Só se você me perguntar, se pedir explicação. Se tiro meu disfarce pra ti é por que não consigo não ser eu na tua frente, mas meu silêncio, esse ainda controlo. A não ser que você não queira... e eu.. eu não queria o teu, mas o teu silêncio, eu nunca controlei. Detesto quando você se faz de muda. Mais ainda, detesto quando você fala de amor. Nosso silêncio é bom quando quebrado em gemidos. Quando me calas entre as tuas pernas e te arranco o ar frouxo dos pulmões fracos.


Pra se machucar,  me procure.

Adolfo Bianco  

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Inveja - letras que eu queria ter escrito.

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Eu perco o chão...
Eu não acho as palavras...
Eu ando tão triste... eu ando pela sala....
Eu perco a hora.... eu chego no fim...
Eu deixo a porta... aberta... 
Eu não moro mais em mim....
(eita porra)
Eu perco as chaves de casa... eu perco o freio...
Estou em milhares de cacos eu estou a o meio...
Onde será que você está agora...
A.Calcanhoto (acho)
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Alcoholic kind of mood ********
lose my clothes, lose my lube *
cruising for a piece of fun ***
looking out for number one 
different partner every night **
so narcotic outta sight 
what a gas, what a beautiful ass. *

And it all breaks down at the role reversal, ****
got the muse in my head she's universal, ******
spinnin' me round she's coming over me, me. **********
B.Molko
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Talkin' to herself, there's no one else who needs to know; 
She tells herself..
Oh...
Memories back when she was bold and strong
And waiting for the world to come along...
Swears she knew it, now she swears he's gone
She lies and says she's in love with him, can't find a better man...



She loved him, yeah... She don't want to leave this way ************
She needs him, yeah...that's why she'll be back again   ************
Can't find a better man



E.Vedder

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quarta-feira, outubro 13, 2010

m.p.

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De dentro vem a sensação que você é maior que seu próprio corpo, que algo quer sair, e violentamente destruir o foco criador do incômodo. Pontos de vista imutáveis não deveriam ser divididos como uma verdade. Principalmente se são sobre você. Principalmente se você não quer ouvir. Mais principalmente ainda - se isso é possível - se você queria o silêncio e a quietude da solidão. Quem olhasse dentro dos meus olhos agora veria os olhos do desprezo. Se lessem meu coração não seria mais que um borrão de gritos. Se fosse possível ouvir o grito preso do meu peito, precisariam emprestar-me o ar de seus pulmões. Nunca foi tão grande e ao mesmo tempo tão inútil a sensação que a fraqueza é irmã gêmea do ímpeto de mudança e a cobrança para correr em direção ao futuro é externa, pois a sensação de decadência é firme e o que for próximo me parece o pior. Só no passado me agarro a boas lembranças, pois minha imaginação não alcança tanta alegria como a que um dia vivi. Me parece impossível ter novamente algum minuto de verdadeira felicidade, pois num minuto que estiver bem, quer dizer que nada além de mim e minha escuridão estarão em harmonia. Quer dizer que os impulsos para o caos terminaram. Quer dizer que cessaram as cobranças e que agora só me resta a paz do interior da minha mente, quando todos se sentam à tabula: ego, super-ego e id. Todos quietos se entre-olham e resolvem que é hora de descansar. Talvez até mesmo dormir. Sem sonhos.
A sensação de ter alguém que se preocupe com o que faço, por que faço, como faço é tão nova quanto qualquer novidade. Mesmo que sempre existisse, fez-se em minha vida com muita discrição, a tal ponto de ter me feito uma imagem de só, obrigando-me a ouvir as camadas mais silenciosas do que não se sabe que pensa.
O bom de poder escrever é a ilusão de estar dividindo. O ruim de ser eu quem escrevo é que parte de mim, escrevo para mim, vindo de mim, voltando para mim e ninguém de fora se mete. Se percebe, só observa, não se mete, não me diz, não me alcança, não interage.
Pelo menos essa válvula de escape me traz mais tempo para fluir a solidão antes de voltar a ser humana.
Sou máquina? Sou fria? Sou morta?
Não existe uma só resposta e se engana quem mal me interpreta. Matei a muito tempo o que existia em mim de necessidade de virtudes e de verdades. Aprendi a me interpretar com tal primazia que até esqueço não sou mais eu quem vive. Seja quem for, tomará agora o lugar novamente. Voltará para as ruas e para as pessoas. Sorrirá e abraçará e viverá e amará, tudo sinceramente, tudo como se de verdade, tudo como vem sendo: sincero e calculado. Mimetizado entre os humanos o bloco frio se remodela, pois assim aprendeu a ser.
Complicado é saber o que vem de dentro e o que vem de fora, pois sou eu o tempo todo e o tempo todo não sou.
O elogio (?) maior que já ouvi foi "você é muito humana", vindo de um tão não quanto eu. Finjo que não vejo, mas vejo. Finjo que sei, mas nunca saberei... A maior parte de mim implora por compreensão, a outra dá as informações falsas.



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terça-feira, outubro 12, 2010

Sereia

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Como te tirando de mim encontro um buraco
Prefiro não naufragar nos teus braços-oceano
Terminei por contentar-me em pescar na beira d'agua
E te ver me rodeando nessa ilha
Criada, cavada, aprofundada e planejada
Já que não me quero oca aqui te deixo
Te prefiro ao meu redor
Subindo para respirar e mergulhando
Escapando e se exibindo
Vindo para perto
Trocando um olhar ou dois
Livre de mim que me prendi
Não canta o pior é que ignora
Te vejo claramente - imagino
Mas é turva sempre a tua imagem
Não poderia haver melhor mensagem
Por isso que chamam de espelho d'agua
Me vejo te olhando muito mais do que a ti.
Meio mulher meio animal
Meio livre e sem saida
Um mistério sobrenatural
Anti-natural, por isso não o faço,
Sem dúvida alguma pretendo,
Mas não vou entrar na água.

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sexta-feira, outubro 08, 2010

segunda-feira, outubro 04, 2010

Boa Noite

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Escreveu em seu diário:

Diante do que tomei pra mim
Como certo
Te vejo
Como erro

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sexta-feira, outubro 01, 2010

De - Para - não enviada

Dear Mauld,

I wrote you a song.
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After all we've been trought
Good memories are not aloud,
Gotta pay this eternal sue
Paying to avoid you around
You once were so smart
You trusting my "not to worry"
You once had some decency
But just never show me
You modified your body
Now your body and your soul
Are like mine
And you're creepiest than me
But at least I can see
This is not how I imagined...
Hard it to handle
The sword and candle
At the same time I give you a hug.

Even if the whole world tell not to
I still persist I still being a pain-in-the..

I can not talk
but
Talk is just talk
and
I'm not talking to you
so
I think you might not get it
'cause
You probably regret knowing me...
so
When you see me hiding
Don't think it's because of you.
See,
I can't talk to you,
But
I can sing.
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