domingo, abril 29, 2007

i´ll wait my turn...

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Ela acredita que era preferivel não ter nascido.
Nada está em ordem. Da janela escuta um cachorro latindo, preso num espacinho muito pequeno pra qualquer ser vivo ser "guardado", escuta sua mãe cantando enquanto corta a carne para o almoço de domingo.
Ela vê seu irmão, jogado no chão sem nenhum tipo de energia emanando dele, mas ela sabe que assim como ela, estar em casa é tentar passar despercebido.
Ela se irrita com qualquer barulho, da televisão alta, da voz da mãe do cachorro em confinamento, do proprio teclado do computador a irrita.
Ela queria que um exercito de 30.000 hunos surgisse porta adentro, decepando-lhe a cabeça, fazendo parar o barulho ao seu redor.
Ela sempre se irrita com sons fora de sua propria mente.
Ela sorri no contato social caseiro, mas não é assim que deve ser.
Seus objetivos e vontades são de sair dali, de ser esquecida, de deixar a sensação de peso morto-vivo dentro de casa.
Antes ela nunca ter nascido, a vida de todos seria absolutamente melhor.
Nunca se sentiu no direito de interferir na vida de ninguém e desconhece o que é merecimento.
As suas poucas habilidades, um tanto mediocres, são ainda o que a fazer acreditar que pode fazer alguma coisa util no mundo.
Ela produz lixo, desperdiça agua, ela polui o ar, ela nao ajuda o proximo, ela não tem a menor responsabilidade.
Queria por preço em sua alma, em promoção mesmo, queria morrer mas não pode.
Não pode decepcionar mais ainda aquelas pessoas distantes.
Mais ainda...

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:~

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terça-feira, abril 24, 2007

ando me sentindo muito revolucionaria

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É preciso mais que dentes e unhas roidas pra render toda uma ideologia
É preciso mais que bom vocabulario e boa vontade para descontruir uma ideologia
É preciso mais que outro humano para ditar uma ideologia
É preciso mais que discursos para fazer um povo seguir uma ideologia
É preciso armas e força e controle para tornar em sistema o que é apenas uma ideologia
É preciso castrar movimentos, controlar vontades, ameçar fisicamente e psicologicamente todo aquele que se opor ao que controla a ideologia
É preciso que uns poucos se achem superiores a muitos para dizer o que é certo e oque é errado (disfarçados de ideologia)

É preciso o caos, a agonia em massa, o desespero, é preciso vislumbrar o fim da linha de todo um conjunto global, é preciso o abate, a luta, não existe opção pacifica pois nunca haverá unanimidade.

É preciso ideologia?

Se não me engano, estou fazendo um discurso ideologico.

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segunda-feira, abril 16, 2007

todos somem

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Atrasara-se novamente, mas dessa vez não teve tempo de seguir seu ritual. O incomodo era palpavel em sua garganta, que se contraia e a deixaria qse sem voz, se precisasse falar.
Procurou nas escadas um degrau qualquer para sentar, colocou as mãos no rosto e ali mesmo chorou. Chorou por cexatos 8 minutos e 15 segundos.
Alguns assistem de canto de olho a cena, visivelmente constrangidos com o desespero alheio em público, mesmo que contido, silencioso, apenas soluçante. Aquela forma curvada de cabelos e braços, abraçando joelhos que servem de esconderijo para um rosto com vergonha de estar vivo.
Lentamente seu nariz entope e ela precisa se levantar.
Limpa com o cato da manga da camisa os olhos, ainda encharcados.
Abre o grande ziper com chaveirinhos de pelucia e projeta-se mentalmente. Procura seus remedios, sua carteira, suas canetas, checa o celular (sem novidades, a bateria acabou mesmo), procura papeis em branco, papeis escritos, conta os papeis de bala que guardou para joar no lixo, procura algo para prender o cabelo, procura se acalmar, procura se encontrar dentro da muchila jeans que nunca reclama de ser usada para carregar e esconder todo o fardo de uma personalidade introspectiva e insegura, sendo sua unica aliada e cumplice.
Olha novamente o celular e lembra da maldita bateria, olha o braço inutilmente sem relogio.
Quer saber que horas são, quanto tempo perdeu alí, quanto tempo tem de vida, que já usou e que ainda vai usar.
Ela não se decide é como usar o tempo que ainda lhe resta.
Ah, o anoitecer.... pesado, deixando mais densa ainda a atmosfera, escurecendo, reduzindo o alcance da vista já não muito boa.
Passa as mãos pelos cabelos e levanta-se.
Nem se preocupa em olhar ao redor, pois sabe que todos a viram desabar em seu prantos. Ela sabe que no olhar de todos existe uma variação de pena, curiosidade e estranhamento. Sentiu em algumas direções que alguem ria-se dela, mas a desimportancia de terceiros é tanta que não existe sequer o incomodo desses olhares e pensamentos. Apenas não gosta de ser observada.
Coça a nuca, funga limpando os olhos novamente, joga a cabeça para tras pingando nas vias nasais algo para faze-la voltar a respirar.
Levanta-se e desce as escadas, vai para a parada de onibus pegar o onibus que sempre pega, no mesmo horario, onde o trocador, a reconhece diariamente pelo nariz vermelho.


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não some :~

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segunda-feira, abril 09, 2007

Star dust

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A gente passa vida inteira assistindo televisão. É tanta que as vezes se confunde com a realidade.
A maior parte da minha infância (exencial para construção de carater e maneira de ver a vida) foi vendo enlatado de Sessão da Tarde, Cinema em Casa e esses clichês de High School.

Mas a gente vai crescendo e se dá conta que a vida não é um filme...

°A menina feia e desajustada não vai ficar linda de repente e ter a eternidade com a pessoa mais bonita e legal que ela já conheceu.

°A menina má não se dá mal e passa a ser odiada por todos só por que ela merece.

°Os amigos leais não são eternos como na foto antes dos créditos começarem a subir.

°Não temos trilha sonora.

°Não temos um mundo em tons esverdeados nas horas sérias; tons pasteis nas horas romanticas; vermelho quando rola sexo e nem tanta luz negra, bebidas e loiras nuas na piscina nas festas.

°Não temos figurantes bonitos.

°Não temos numeros musicais com coreografias incriveis e todos em coro cantando o seu refrão, nem orquestra nem balet de apoio nem rapazes de cartola te levando nos braços descendo a grande escadaria iluminada com holofotes

°Não temos Alpha-Delta-Omega-Beta nas faculdades.

°Não temos encontros óbvios, mágicos e coincidências emocionantes em esquinas. No máximo um assalto.

°Não temos, principalmente, tanta gente interessada em nosso final feliz, como as meninas feias, inteligentes, com jeito bobo e de sonhadora dos filmes. Mesmo que você tenha achado sua vida inteira que é uma delas.

O pior talvez, seja que, além de lidar com a realidade que o nosso filme é independete, sem roteiro, feito em one-take-scene e sem elenco fixo tirando você mesmo; ele dura bem mais que 2h... tudo pra chegar no final óbvio: você SEMPRE morre no final.

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U can´t hurt me now

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Ela disse que ia se arrumar
Para sair
Para comprar novos cds de mpb
E pra valer a pena leu um livro no jantar
Ela sai de casa com pulseiras de couro
Batom e cabelo escovado
Bolsa vermelha de vinil e sua armação de oculos quadrado
E sempre anda de all star
Ela sempre anda de all star
Preto vermelho branco
Ela sempre anda pelos cantos
Sempe de cabeça baixa e de cabelo na cara
De voz rouca e pouca, um pouco louca
Ela não perde tempo
ela anda pra frente
ela te tira do caminho
ela nem gosta de gente
ela quer ser tão complexa
ela é tão responsavel
ela anda com gente sem tanta capacidade intelectual
Sempre tem espelhos
Ela acredita em liberdade de espressão, dela e só dela, pois não dá a minima pra sua opinião
ela sempre usa um colar de perolas
e sempre anda de all star.

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