segunda-feira, abril 16, 2007

todos somem

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Atrasara-se novamente, mas dessa vez não teve tempo de seguir seu ritual. O incomodo era palpavel em sua garganta, que se contraia e a deixaria qse sem voz, se precisasse falar.
Procurou nas escadas um degrau qualquer para sentar, colocou as mãos no rosto e ali mesmo chorou. Chorou por cexatos 8 minutos e 15 segundos.
Alguns assistem de canto de olho a cena, visivelmente constrangidos com o desespero alheio em público, mesmo que contido, silencioso, apenas soluçante. Aquela forma curvada de cabelos e braços, abraçando joelhos que servem de esconderijo para um rosto com vergonha de estar vivo.
Lentamente seu nariz entope e ela precisa se levantar.
Limpa com o cato da manga da camisa os olhos, ainda encharcados.
Abre o grande ziper com chaveirinhos de pelucia e projeta-se mentalmente. Procura seus remedios, sua carteira, suas canetas, checa o celular (sem novidades, a bateria acabou mesmo), procura papeis em branco, papeis escritos, conta os papeis de bala que guardou para joar no lixo, procura algo para prender o cabelo, procura se acalmar, procura se encontrar dentro da muchila jeans que nunca reclama de ser usada para carregar e esconder todo o fardo de uma personalidade introspectiva e insegura, sendo sua unica aliada e cumplice.
Olha novamente o celular e lembra da maldita bateria, olha o braço inutilmente sem relogio.
Quer saber que horas são, quanto tempo perdeu alí, quanto tempo tem de vida, que já usou e que ainda vai usar.
Ela não se decide é como usar o tempo que ainda lhe resta.
Ah, o anoitecer.... pesado, deixando mais densa ainda a atmosfera, escurecendo, reduzindo o alcance da vista já não muito boa.
Passa as mãos pelos cabelos e levanta-se.
Nem se preocupa em olhar ao redor, pois sabe que todos a viram desabar em seu prantos. Ela sabe que no olhar de todos existe uma variação de pena, curiosidade e estranhamento. Sentiu em algumas direções que alguem ria-se dela, mas a desimportancia de terceiros é tanta que não existe sequer o incomodo desses olhares e pensamentos. Apenas não gosta de ser observada.
Coça a nuca, funga limpando os olhos novamente, joga a cabeça para tras pingando nas vias nasais algo para faze-la voltar a respirar.
Levanta-se e desce as escadas, vai para a parada de onibus pegar o onibus que sempre pega, no mesmo horario, onde o trocador, a reconhece diariamente pelo nariz vermelho.


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não some :~

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2 comentários:

Anônimo disse...

I'm here... Close to you ... Ever.

Rochele Durgante disse...

http://ladylazarus.blog.terra.com.br/

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