quarta-feira, setembro 29, 2010

terça-feira, setembro 28, 2010

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Fica quieta cabeça.
Fica quieta cabeça.
Fica quieta cabeça.

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segunda-feira, setembro 27, 2010

De: Para. -

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3 meses depois do adeus, de muito mais longe do que gostaria, 1925.

Querida Mauld,

Tua última carta me manteve fora de contato pelos últimos meses, mas acredito que tenha sido o maior bem que me fizeste em muitos anos. Aprendi a viver sem te xingar ou adorar. Diminuí meus melindres comigo mesmo. Virar homem é parir-se a si mesmo, quanto maior a distância entre o jovem e o maduro, maior a dor.
Bem que eu queria, mas não sei o que tem te acontecido. Não sei por onde andam teus sonhos, teus pensamentos, tua vida. Sei onde ando, onde vou e o que penso, mas te contar só, não basta. Preciso que me responda, como amiga, verdadeira.
Não sei se tens amor em casa ou fora dela, se te aventuras como antes ou se descobriu alguém que te domasse, não apenas suprisse tua falta de família.
Mauld, querida, nem sei o que pensas de mim ultimamente, sei que achei outro dia uma das mais antigas falas já escritas por nós dois. Juntos, o que é mais estranho. Pouco criamos juntos, e de pouco impacto certamente, mas Mauld, a tristeza na França é tremenda, tudo fica mais emotivo num país onde se vende amor e se vive solidão.
Esse trechinho que te envio era uma conversa boba entre dois amantes, num dia em que se encontravam por acaso após uma noite confusa. Mais um romance que tentamos escrever, parecendo uma comédia que não acabou pela falta de um fim tolerante aos que detestam amores natimortos.
Se bem me lembro é Fevereiro, Londres, Sutter e Cindy:


Cindy: Estou indo dar uma volta no mercado comprar um presente pra um primo meu, depois vou à Igreja... depois acho que vou passar pelo tio Ben, tento a dias conversar com Louise... tu vais por lá mais tarde?
Suter.: Hm, acho que não. Tenho aula até 9:30. Talvez, não sei. Deveria ir? 
Cindy: Eu gostaria.
Suter: Atendido.
Pausa 
Suter: Estive com a Emma ontem. Dormi na casa dela.  Cheguei há pouco. - Pausa, busca reação -Te vi duas vezes.
Cindy: Onde? - Sem reação
Suter: Quando estava dormindo, meio que dormindo, mas não dormindo. Ela levantou pra fechar a porta, pensei que era você. Me assustei porque quase disse teu nome. - Insolente
Cindy: Não pareço com ela. - Ciúmes.
Sutter: Não é parecer, foi a sensação.
Cindy: Isso é ruim, sou uma sensação de ex-problemática?
Sutter: Oh! Deus! Você não entende!
Cindy: Estou tentando!
Sutter: Eu te vi porque eu tava meio dormindo e tinha uma pessoa no quarto e eu pensei que tava em casa e provavelmente vc estava no meu inconsciente.
(Lembra Mauld que soubemos do Dr. Freud no ano que escrevemos essa peça?)
Cindy: Oh.. oh.. 
Sutter: Daí quando ela andou pelo quarto pensei que era você. Vi o cabelo amarrado e quase disse teu nome, entendeu? 
Cindy: Entendi...
Sutter: Tá bem, você estraga qualquer romantismo.
Cindy: Pelo menos agora estou achando não-ruim.

Mauld, quero saber de você.
Não tem sentido nenhum viver sozinho, se sei de cor o que já vivo. A melhor maneira é viver por dois. Com você posso ser dois. Me aceite de volta, sem rancores, sem choramingos meus.
Prometo que de poeta e louco pouco se verão.

Torço para que estejas bem, com amor, com saúde e com objetivos. Mas no meu coração, meu desejo, era que tua solidão se encerrasse com o fim da minha.

Um dia podemos terminar de contar o resto dessa história um para o outro?
Termine-mo-la juntos.

De seu triste, porém vivo,

J. Marshon

ps: Agora eu sei. Desde o dia que voltei uma milha e meia na chuva para te emprestar a mesma capa com que acompanhei Agnes até em casa, você já sabia que assinara com sangue no teu livro de almas. Aqui me tens de regresso, muito mais de uma milha e meia de distancia, mas tentando te alcançar antes do bonde para te emprestar uma capa que sequer pediste.

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Esperar sentado vendo outras vidas passarem
Esperar angustiado a volta da atividade
Esperar que tudo seja reiniciado
Esperar que o novo e resolvido venha do que é morto e mal acabado
Isso é le.ni.ên.ci:a com o des(a)tino.
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sábado, setembro 25, 2010

1 dessas, 2 Ave Maria e 3 Salve Rainha.

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Modificai-me Senhor
Que tenho sido
Distante do teu reino, distante da tua vontade e do teu domínio
Traz-me de volta para tua graça e piedade
Abençoa-me com a tua luz
Que de escuridão estou farta
Tira-me o morto e o sujo
Tira-me do pó e do seco
Diz-me então o que preciso fazer
Para viver minha vida
E viver sob tua senda
Não é fácil perceber que só parece tudo bem
Os que estão bem vão precisar tanto de ajuda...
Tira-me o peso dos pulmões
Mas não tira-me os pulmões
Te louvarei pra sempre, Senhor,
Usufruindo do que criaste no teu primeiro plano de paraiso
Plantas e lugares e pessoas
Perdoa, Senhor, por que não posso negar minha natureza
Não posso negar que preferia um harém num lugar exótico
Que um bom marido e filhos sob o teto da igreja
Mas se o templo é meu corpo, a preocupação e o foco dessa oração estão corretos
Perdoa Senhor, tanto descuido de minha parte
Dá-me, por favor, um outro par de pulmões.
Um outro figado
Dá-me um outro coração - conciente do que faz
Dá-me um clone ou dois e o poder de parar o tempo
Que seja feita a tua vontade
E que tua vontade seja parecida com a minha.
Para todo o sempre a glória é tua,
Amém.

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terça-feira, setembro 21, 2010

packing

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Ela vive se policiando, policiada e sob auto-análise. Controlando os pensamentos, pois são muitos e conflitantes. Ela consegue ser duas ou três ao mesmo tempo, contrapondo, debatendo, ganhando, cedendo e perdendo o tempo todo. Ela conversa e é três. Ela fala e é três. Ela vive e é três, ou quatro, ou cinco... Ela quer cantar e dançar e ao mesmo tempo quer ser invisivel, quer correr e ficar sentada, quer esmagar de amor e ódio, quer fugir pra sempre e quer "para sempre, amém". And so is the man. Mas ela vive calando três quartos de si mesma. A que ganha ganha, mas muito em sí só espera a vez.

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segunda-feira, setembro 20, 2010

relâmpago

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um clarão de luz não causo barulho algum é meu rasto que assusta energia presa contida que acha um espaço
escapa duma casa cai queda livre física elétrons pontos positivos e negativos escapando caindo destruindo pode iluminar depende de onde cai em quem cai se alguém sequer ver as vezes só uma luzinha no horizonte uma raiva da natureza as vezes uma sequencia de flashes mas apesar de toda luz de toda força de todo poder no fim das contas não vale nada não muda nada não cria nada que seja visto - reparte alguns átomos, quem poderia perceber - aparece em tempestades direcionado perdido abrindo braços e dedos aparece como um clarão como um tapede branco no céu sozinho aparece sozinho vai do chão ao céu apenas raramente de que adianta tanta energia se a liberdade leva ao chão?  eu sou relâmpago.

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sábado, setembro 18, 2010

hello hello baby...

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A falta de respostas, de diálogo, a falta de reação é o maior estímulo reverso.

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Pode não concordar,

meu bem.
mas no feminino
é bem melhor.
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e digo mais...
no plural
é melhor


ainda!


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um Ode ao que é do Álcool

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EU falo
Falo mesmo
Traz aqui uma cadeira e um copo
talvez uma garrafa
vai demorar um pouco
é tudo muito confuso
te tenho uma admiração cruel de como tua capacidade de não ser me atrai
Me trai
te odeio
te desejo
Te observo
TE quero
TE perturbo - consigo por fogo?
te cutuco
planos para prender minha atenção, seria propositalmente?
como criança doente te aprecio
teria como não ser?
teria nunca outra forma
teria nunca outra forma
teria nunca
outra
forma

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desde muito cedo eu soube: não haveria outra forma.
nao haveria outra forma
não haveria outra forma.
as vezes eu sei, não sou eu que mando em mim.

se eu me entregasse, poderia ser você

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sexta-feira, setembro 03, 2010

Fome canina

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Você não coincide comigo nem nos detalhados pormenores. Não faz questão e trair sua conduta e por isso faztudo como quer, me pedindo pra ceder ao teu chamado Você prefere um beijo ou uma conversa? Por que, meu bem, felizmente, ou in, não temos tempo pros dois. Me dê a mão. Gosto de sentir teus dedos finos e unhas magras e do gosto salgado que insiste na ponta do teu polegar. Encontrei um fio branco, um pelo, um pentelho branco em você, mas isso não foi surpresa nem boa nem não, antes de ti eu já tinha visto algo parecido. Pods crê.
Fome incontrolável, parece que estava laricada, parece que estava chapada, parece que saiu de uma ressaca, parece faminta, famingerada, fom edes graçada, esgalamida, larica tripla, fome-canina. Detesto ouvir os sons de quem mastiga.
Completa meu verso com o que vier na cabeça:
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