Paris, 03 de Janeiro de 1925
Ao Sr e Sra Hermet,
É com grande pesar que envio ao senhor e sua família a triste notícia do falecimento do Sr. Marshon.
Essa sexta feira o corpo do Sr Jason Marshon em seu quarto. Um vizinho ouviu um tiro e viu escorrer sob a porta, o equivalente a meia garrafa de absinto. Bateu na porta e não ouviu resposta.
Após um momento de preocupação batendo à porta do apartamento chamamos um policial que entrou no lugar.
O Senhor Marshon morreu sentado ao lado de uma escrivaninha. Foi feita uma autópsia e o apartamento foi revirado. Aparentemente ele foi assassinado com um tiro no peito. Não foi encontrada nenhuma arma ao seu alcance, mas a porta estava fechada.
Encontramos escrito e endereçado à Senhora Mauld Hermet o seguinte transcrito:
"Mauld,
Como vai? Os Hermet estão bem? Te tratam bem?
Responda-me: Está feliz?
Eu, Mauld, não estou. Algo me empurra para trás. Não sinto os pés no chão. Não sinto que valha a pena sequer continuar tentando voltar para Londres. Não tem graça em lugar nenhum. Já fugi daí por não suportar o que me prendia... aqui não suporto a liberdade. Sinto que vou explodir...
Quero preencher-me o tempo todo e não exista nada para consumir que ocupe o espaço do meu corpo inteiro... "
Sentimos muitíssimo pela perda, o Sr Marshon era um homem muito correto, gentil, educado e que pagava em dias. Nunca imaginamos ter inimigos ou motivos para tanto tormento para que tirasse sua própria vida..
O original ficou com a polícia, como peça de investigação.
Escrevemos ao Sr e sua família em memória à grande estima que o Sr Marshon tinha por todos. Era um homem de poucas palavras mas costumava falar do senhor como um grande amigo ao qual tinha muito carinho e à sua esposa, a qual considerava uma irmã.
Lastimamos dar essa notícia e também esperamos uma breve visita para que os pertences do Sr Marshon voltem para Londres, já que não deixou dívidas.
Michel Poppe
Senhorio
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