sábado, março 13, 2010

Linda

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O isqueiro falhou. Pedi um fósforo, acendi uma luz. Essa luz me ajudou a ver e entender finalmente.
O tempo inteiro não era eu.
Estava dirigindo quando senti que eu sequer sabia o que estava fazendo e por que eu fazia aquilo tão bem. Onde eu estava realmente? Percebi que raramente eu faço as coisas. Que ultimamente, só penso penso penso penso no nada. E deixo rolar. Andei deixando. Andei não fazendo muitas coisas que fiz. Andei não falando muitas coisas que falei. Andei não sendo eu.
E é difícil ser eu. Eu, quando tendo que ser, tenho medo. Quando tenho que falar, de tão pouco usada a voz é fraca, é falha, é quebrada, é defeituosa. Essa forma independente nunca cala a boca.
Percebi depois que quando eu falo, tendo a pensar no que vou falar, já que deixo de estar para ser, por mania de analise tento ouvir tudo o que vou dizer antes, varias vezes, em vários tons. Assim sinto que vou errar e antes de começar, hesito e hesito e hesito.
Estranho. É por isso que gosta tanto de usar certas substâncias. Ela sente. Ela SENTE. Se coloca no lugar de protagonista e vive em consciência.
Estranho e extraordinário.
Deve quebrar a cara, por que essa cara não e dela. Deve ser desprezada, por que é uma impostora. Um arremedo. E quando tem que se lutar contra esse arremedo ele e forte e cheio de marra. Ele as vezes não me deixa tomar meu lugar. Luta constante para tomar meu lugar de volta.
Eis uma aposta: eu consigo.

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