terça-feira, março 09, 2010

Muda.

.

Silêncio. O silêncio interno. De dentro. Do centro. Do meio. Do fundo. Da alma. Da sombra mais escura. Mistura-se. Vira sangue. Corre pelas veias. Percorre o corpo inteiro. Silencia lentamente os ruidos. Silencia o coração e de lá vai bombeado por vias escuras, agora também mudas e surdas. Silêncio acumulado, não vira explosão. Implode. Vira veneno. Vira dor. Se encarrega da constricção das vias respiratorias. O silêncio chega até o pulmão para matar o grito. Para tirar o ar. Para espremer a voz com tanta força que faz inchar a garganta. Que faz trincar os dentes. Silêncio que quando chega até o cérebro tira as palavras. Tira as ideias. Mata qualquer raciocínio. Catatonia do som. Nenhum som é produzido. Nenhum som é escutado. Dentro e fora de mim só um chiado rouco. Dolorido - Deus, como dói! Dor física! Dor de estrangulamento. De dentro pra fora. Dor de se sentir incapaz. Incompleta. Fraca. Muda. Sem palavras. Sem argumentos, desculpas, respostas, perguntas. Silêncio esmagador. Silêncio assassino. Silêncio que vira várias dores. Que dissemina dor. Que vira incapacidade. Que vira raiva. Que vira muita raiva. Que vira contra mim. Que tento gritar. Silêncio.

.

Nenhum comentário: