domingo, abril 11, 2010

Cru

.

Vermelho nas cadeiras, nas mesas, nas caras embreagadas, em alguns cabelos, em algumas roupas, nas paredes nunca foi a intenção, mas ainda cor de carne sem sangue, vermelho desbotado convergindo num teto branco e sujo.
Nas paredes-feridas, nada. O puro seco do que não se tem para olhar. Fora, nada. Paredes baixas, da cor dos muros das casas altas o suficiente pra fechar a vista num monocromático de antiguidade e luzes da rua, escuras, foscas e amarelas.
Cerveja gelada a preço de beba-me.
Exaltam-se os extintos em meio ao ambiente onde não se tem escapatória a não ser olhar para si ou para os outros. Não existe escapatória a não ser ser. Falta de estímulos para destrair. Destraem-se os egos, solta-se a verdade. Você acaba sendo o que você é melhor.
O som fechado, grave alto misturado com conversas ecoando na acústica que triplica o volume dos que circulam alí. Amontoados de risos, gritos, chamados, vozes musicais, vozes desentoantes, vozes destacadas, conversas bobas, conversas sérias, silêncios.

.

2 comentários:

noitesdependulo disse...

AH!Ficou muito legal o texto. :D
e eu adorei essa viagem.
:***

Lorena Lílian disse...

visualizei o lugar, pessoas, seus gestos.. um misto de cemitério com cabaré de interior e faroeste. viajei xD
uehiueiuehuheuiheuiheiuhei
=*