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É noite. Seus pés deslilzam sobre pedras cobertas de lodo e lama.
Ela escorrega andando - ou anda escorregando - tentando alcançar a margem de lá.
Tenta encontrar um caminho mais tranquilo no meio desse rio perigoso e escuro.
Ela busca alcançar uma luzinha verde, pequenina, pisca-pisca flamejante que firula do outro lado. Mas veja, essa luz se move rápido e ela nunca consegue manter-se na mesma direção.
Alcança as vezes um ponto raso onde se abaixa e pensa em se sentar mas o frio intenso não deixa a idéia de ficar ensopada ser mais agradável que a de descancar um pouco. Mesmo depois de tantas vezes ter escorregado e levantado deixando o vento gelado secar um pouco suas roupas, molhar-se propositalmente parece uma idéia muito absurda. Mesmo assim, algumas vezes ela arrisca uma rápida abaixada pra descançar suas pernas.
Ela pensa sempre se não seria bom se a luzinha viesse até ela, só por um pouco de conforto. Mas sabe que o conforto não existe no meio do rio.
Ela sabe que pisa em falso e escorrega mais do que se movimenta.
Ela sabe que o rio é menor do que parece, o problema é a escuridão.
O problema é que a luzinha nunca fica parada, quieta, lá do outro lado, nunca fica num canto só.
O problema é que ela segue a luzinha, ao invés de procurar a margem.
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