sexta-feira, fevereiro 19, 2010

De Marshon Para Mauld - IX

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Cama limpa em Paris, 02 de Agosto de 1925

Oh, Mauld

Estou doente. Comecei dramático, não te preocupes, estarei bem em breve, é só uma gastrite.
Soube que em setembro haverá um encontro espiritual, desses que tanto gostas. Avise o Hermert se ele também gostar.
Oh, querida, sinto saudades dos cuidados que me tinhas.
Acha que nunca percebi que mesmo tentando fazer tudo igual para todos, tua atenção sempre foi grande comigo? Pequena malabarista de corda, nunca entendi tua atenção, agora me dói a barriga e a falta da minha melhor amiga, curiosamente pelo resultado da bebida e não pelo momento de bebe-la!
Me criaste muito mal.
Mas o motivo da escrita é outro.
Ando pensando muito ma'M, demais para mim. Cada passo que dou penso se deveria tê-lo dado. Ando duvidando da minha arte, duvidando da minha capacidade de pintar e de escrever. Ando duvidando até dos meus sonhos.
O Mal do Século me pegou Mauld? Estou histérico como uma mulher? Talvez por causa dessa gastrite, eu não possa beber e tudo fique mais difícil. Mas acho que, de algum modo, a gastrite veio por causa disso tudo. Como se eu estivesse rejeitando até mesmo minha última felicidade.
Mauld, Mauld, Mauld. Pedro foi embora. Ivan está em Lion e eu estou na companhia da tristeza absoluta.
Escrevo sem chegar ao ponto onde quero chegar, mas porque está tudo tão perdido dentro de mim que não acredito que um dia terei novamente forças para me levantar.
Não te preocupes, fica bem, te informarei da data do encontro.
As vezes acho Mauld, que preciso de uma mulher apenas, não de tantas, sempre achei que para isso existiam as mães e as Maulds.
Mande-me coragem, por favor. Acho que sei o que está acontecendo.

J. Marshon

ps: não me critiques pela carta maricas.
ps²: acho que estou apaixonado se isso explica algo para você.

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