quinta-feira, agosto 09, 2007

Me, Myself and I

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Eu sei, minha querida.
Não temos muito tempo e já estamos cansados.
Não temos muito tempo se comparados aos grandes imortais, mas temos muito mais do que precisaríamos, se comparados aos mesquinhos e medíocres para chegar as suas metas simples.
Sendo que mediocridade nos causa repulsa, mesmo as vezes, parecendo uma bênção.
Carece de cuidado nosso destino. Diferente dos que aceitam o Sol e a Chuva, nós, somos aqueles que fazem fogo para não obedecer a escuridão e dançam aos Deuses para fazer chover.
Nós, minha querida, somos indignados com a nossa falta de talento, principalmente, quando nos dizem artistas.
Nós somos os que não querem reconhecimento, queremos sim, o mérito por grandes feitos e assim ter não mais que o justo.
Somos os que não metem medo, mas não tem medo a não ser de nós mesmos. Nossas capacidades e incapacidades.
Somos aqueles, que, no que depender de nós, somos capazes de reconstruir o mundo melhor e maior, mas não temos coragem de sequer alterar a voz, por não achar-nos dignos de julgar ninguém, sendo nós mesmos tão cheios de erros.
Somos da espécie dos que tem bom-senso, dos que sabem inconscientemente que tudo é tão profundo, que parecemos idiotas por omitir nossa opinião sobre o que parece supérfluo. E parecemos mais idiotas ainda, quando tentamos explicar que nem tudo é o que parece.
Somos apaixonados pelo Belo e pela Harmonia. E desejosos de encontrar ambos em nós mesmo com tamanha ferocidade que nos destruimos procurando, mais a fundo em nossas entranhas, a raiz de nosso próprio Bem e Mal.
Só você não está, mas está só e você sabe.
Somos desses que estão sempre em companhia da solidão. Somos dessas pessoas indignas de compreensão - ou acima dela.
Não, não somos iguais, sequer parecidos, mesmo idênticos na forma e similares no conteúdo, somos tão dispares como uma sardinha enlatada e uma girafa de pelúcia.
Somos conversas incompletas, ruídos no som, fotos rasgadas, vozes desafinados na calçada, segredos, humilhações intimas, medos, desejos, vontades, tentativas e erros, somos o branco, o azul e o vermelho.
Somos tantos nós-mesmo em pouco espaço (nesse único corpo), que de tempos em tempos, não nos reconhecemos. Não controlamos nosso próprio ser.
Não mantemos a mesma aparência, roupas, cabelos, cores, costumes, hobbies, crenças, planos, visões de futuro, hábitos alimentares, rotinas e amigos (esses são os poucos bens acumulativos, mas mesmo assim, alternados de tempos em tempos).
É incontrolável como as vontades que vêm e(m) vão.
Não, querida, não se preocupe, não somos loucos. Só temos que dividir em 1 lifetime muitas vidas diferentes em um corpo só.
Se amanhã você acordar, e não for nada igual a hoje, você sabe, que a mais de uma semana vem sendo igual... Não pragueje, já estava mesmo na hora de mudar outra vez. Se você acordar o resto de sua vida igual, não sinta saudades.
Confie que esse você é agora um equilíbrio, não um pedaço.
Você está só, mas não está e você sabe.

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3 comentários:

jacques disse...

tu mudou o template do teu blog so pq eu disse que era bonito? afff. ou a culpa eh do meu computador que nao tah carregando essa porra direito? beijaaao!

Anônimo disse...

Caaaaaaaaabra Cabra de talento! Porra tu escreveu isso pra mim... Meu... tu ... tu consegue me emocionar...Ah meu... saudades. ó
Beijos

Isabela F. disse...

curiosamente resolvi passar aqui,
e ler.
e o que vc disse parece cair como uma luva sobre mim.
ao menos partes disso.
adorei.
=*